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Um gráfico para ficar otimista com a queda da pobreza global

Entre 1820 e 1910, a taxa de pobreza extrema caiu só 12 pontos percentuais. Desde então, desabou 5 vezes mais rápido e caiu pela metade entre 1990 e 2010

Criança chinesa (Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de agosto de 2015 às 12h42.

São Paulo - Talvez você não saiba, mas a humanidade tem tido sucesso em enfrentar o seu maior desafio: erradicar a pobreza absoluta.

Max Roser, pesquisador da Universidade de Oxford, postou em sua conta no Twitter na semana passada o seguinte gráfico.

Produzido pelo seu site "Our World In Data", ele mostra a proporção da humanidade que vive em pobreza absoluta, definida como menos de US$ 1,25 por dia pelo Banco Mundial .

O valor considera a inflação no período e não é em dólares nominais, e sim em paridade de poder de compra, uma medida que ajusta as taxas de câmbio de acordo com o preço real dos bens e serviços em cada país.

Em 1820, a pobreza extrema atingia praticamente 95% da humanidade, que na época era de cerca de 1 bilhão de pessoas. O resto do século XIX inteiro conseguiu derrubar o índice em apenas 10 pontos percentuais.

Entre 1900 e 1950, a pobreza extrema cedeu mais um pouco - de 85% para 75% da população - e a partir daí começou a ceder de forma acelerada graças a uma mistura de forte crescimento, políticas sociais, desenvolvimento tecnológico e globalização.

Uma taxa que havia caído apenas 12 pontos percentuais nos 90 anos que separam 1820 e 1910 iria desabar 67 pontos percentuais (mais de 5 vezes mais) nos 100 anos desde então.

Só entre 1999 e 2011, último ano para o qual há dados disponíveis, a taxa caiu pela metade: de 30% para 14,4% da população mundial.

Uma das chaves para entender isso é o processo acelerado de desenvolvimento na Índia e especialmente na China. Juntos, os dois países reúnem 2,5 bilhões de pessoas, mais de um terço da humanidade.

O Brasil também teve seu papel, com queda acentuada da pobreza neste século graças a crescimento econômico, formalização do mercado de trabalho e transferência de renda. A partir de agora, no entanto, os desafios serão outros.

O mundo também ainda precisa caminhar muito para erradicar a pobreza extrema, uma das metas do milênio definidas pela Organização das Nações Unidas para 2030. Os 14,4% de pobreza absoluta em 2011 ainda significam mais de 1 bilhão de pessoas.

Além disso, US$ 1,25 por dia está longe de ser suficiente para garantir um padrão de vida digno, e a construção de uma verdadeira classe média mundial ainda é um sonho distante.

O Pew Research Center calcula que cerca de 70% das pessoas no mundo tem renda baixa ou são pobres, enquanto apenas 13% são classe média. Uma ferramenta permite que qualquer um faça o cálculo para saber onde está nessa pirâmide.

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São Paulo - No Catar , o PIB per capita está acima dos 100 mil dólares. Em 9 países do mundo, ele não chega a 1% disso. Nesta semana, a Global Finance Magazine divulgou uma lista com 184 países e seu respectivo PIB per capita corrigido pela paridade de poder de compra. A PPP usa como base o real custo dos preços e serviços, como se todos os países tivessem uma moeda comum, e não o valor nominal dado pelas taxas de câmbio, que são voláteis e dão um peso desproporcional para quem tem moeda forte. No topo da lista, petro-estados e nações da Ásia e Europa, além de Estados Unidos e Canadá. Entre os 15 últimos, países africanos e um do Oriente Médio (o Afeganistão). Todos têm economias agrícolas informais e pouco complexas com baixos índices de desenvolvimento humano, mas pelo menos alguns estão conseguindo crescer de forma vigorosa. Veja a seguir os 15 países mais pobres do mundo com a medida de PIB per capita do FMI (Fundo Monetário Internacional) corrigido pela PPP estimada de 2013, além do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU (Organização das Nações Unidas) e a taxa de crescimento da economia em 2014:
  • 2. 1. República Democrática do Congo

    2 /17(Getty Images)

  • PIB per capita (PPP)US$ 394,25
    IDH0,338
    Crescimento em 20149%
  • 3. 2. Zimbábue

    3 /17(Wikimedia Commons)

    PIB per capita (PPP)US$ 589,46
    IDH0,492
    Crescimento em 20143,2%
  • 4. 3. Burundi

    4 /17(Reuters)

    PIB per capita (PPP)US$ 648,58
    IDH0,492
    Crescimento em 20144,7%
  • 5. 4. Libéria

    5 /17(Chris Hondros/Getty Images)

    PIB per capita (PPP)US$ 716,04
    IDH0,412
    Crescimento em 20149,3%
  • 6. 5. Eritreia

    6 /17(David Stanley/Flickr/CreativeCommons)

    PIB per capita (PPP)US$ 792,13
    IDH0,381
    Crescimento em 20141,7%
  • 7. 6. República Centro-Africana

    7 /17(Ilya Gridneff/Bloomberg)

    PIB per capita (PPP)US$ 827,93
    IDH0,341
    Crescimento em 20141%
  • 8. 7. Níger

    8 /17(Bachir Chaibou/Bloomberg News)

    PIB per capita (PPP)US$ 853,43
    IDH0,337
    Crescimento em 20146,9%
  • 9. 8. Malawi

    9 /17(Wikimedia Commons)

    PIB per capita (PPP)US$ 893,84
    IDH0,414
    Crescimento em 20145,7%
  • 10. 9. Madagascar

    10 /17(Wikimedia Commons / Tom Turner)

    PIB per capita (PPP)US$ 972,07
    IDH0,498
    Crescimento em 20143%
  • 11. 10. Afeganistão

    11 /17(REUTERS/Tim Wimborne)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.072
    IDH0,468
    Crescimento em 20142%
  • 12. 11. Mali

    12 /17(Creative Commons/ Flickr/ Emilia Tjernström)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.136
    IDH0,407
    Crescimento em 20147,2%
  • 13. 12. Togo

    13 /17(Dominik Schwarz/Wikimedia Commons)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.145
    IDH0,473
    Crescimento em 20145,7%
  • 14. 13. Guiné

    14 /17(AFP)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.162
    IDH0,392
    Crescimento em 2014-0,3%
  • 15. 14. Etiópia

    15 /17(Jose Cendon/Bloomberg News)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.262
    IDH0,435
    Crescimento em 20149,9%
  • 16. 15. Moçambique

    16 /17(JMN/Cover/Getty Images)

    PIB per capita (PPP)US$ 1.262
    IDH0,393
    Crescimento em 20147,4%
  • 17 /17(Benh Lieu Song/Wikimedia Commons)

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