Economia

UE pede que Brasil restaure confiança dos consumidores

A situação da carne brasileira foi tema de debate na reunião de ministros de Agricultura europeus realizada hoje em Luxemburgo

Carnes: os países reiteraram que querem ter "mais informações" para tranquilizar os consumidores, e alguns, como França, República Tcheca e Holanda, cogitaram a possibilidade de um "veto total" à carne brasileira (iStock/Thinkstock)

Carnes: os países reiteraram que querem ter "mais informações" para tranquilizar os consumidores, e alguns, como França, República Tcheca e Holanda, cogitaram a possibilidade de um "veto total" à carne brasileira (iStock/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 3 de abril de 2017 às 15h53.

Luxemburgo - A União Europeia (UE) pediu nesta segunda-feira que o Brasil restaure a confiança dos consumidores após o escândalo da "Carne Fraca", fraude que pôs em dúvida a qualidade de suas exportações, e garantiu que monitora de perto o caso, enquanto alguns de seus membros cogitam "vetar" qualquer carne procedente do país.

Embora não estivesse oficialmente na agenda, a situação da carne brasileira foi tema de debate na reunião de ministros de Agricultura europeus realizada hoje em Luxemburgo, à qual compareceu de forma excepcional o comissário de Saúde e Segurança Alimentar do bloco, Vytenis Andriukaitis.

Os ministros abordaram também uma revisão do regulamento conhecido como "Omnibus", que propõe uma série de modificações para simplificar as políticas europeias, entre elas a Política Agrícola Comum (PAC).

Os países conseguiram um texto de consenso com o qual esperam obter melhoras antes da reforma da nova PAC, que será aplicada a partir de 2020.

O comissário lituano apresentou aos ministros suas conclusões sobre sua viagem ao Brasil, onde se reuniu com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a quem pediu que seja "restaurada a confiança das exportações de carne, garantindo a confiabilidade, previsibilidade, credibilidade e independência dos controles de saúde", conforme disse em entrevista coletiva após a reunião.

Andriukaitis também lembrou que a UE "tomou medidas" quando o escândalo se tornou público, com o embargo das importações dos 21 frigoríficos envolvidos - dos quais só quatro tinham licença para exportar à UE - e com o estabelecimento de mais controles "físicos" (comprovação visual do estado dos alimentos) em todas as importações de carne procedente do Brasil e testes microbiológicos aleatórios para 20% dos produtos de carnes procedentes do país.

Durante o debate, a maioria dos países se mostrou satisfeita com as medidas adotadas pela Comissão Europeia, e considerou que a UE reagiu "imediatamente com uma resposta coordenada", contaram à Agência Efe fontes que estiveram presentes.

No entanto, ainda segundo as fontes, os países reiteraram que querem ter "mais informações" para tranquilizar os consumidores, e alguns, como França, República Tcheca e Holanda, cogitaram a possibilidade de um "veto total" à carne brasileira.

"Este escândalo prova uma séria falha sistêmica, e deveria haver um embargo completo até que seja esclarecida a situação", declarou o representante tcheco, enquanto o holandês disse que "se o Brasil não fizer sua parte", a UE deverá "tomar mais ações e não excluir um veto completo às exportações de carne".

Além disso, alguns países como a Hungria destacaram o peso da fraude em um momento no qual é negociado o acordo comercial com o Mercosul que regerá as trocas comerciais entre a UE e os países do bloco sul-americano no futuro.

O comissário de Agricultura e Desenvolvimento Rural lamentou que "não se avançou muito com os países do Mercosul" neste aspecto e considera que "seria injusto vincular" o escândalo ao acordo.

"Claro, não é algo que ajude, mas também não seria razão para bloqueá-lo. A Europa está adotando uma posição muito clara em virtude da segurança alimentar (...), tem que ficar muito claro que é preciso continuar as conversas, mas teremos muito cuidado com o acordo", ressaltou.

De maneira paralela, a Comissão prepara uma auditoria "urgente" no Brasil, que se começará "em maio", segundo Andriukaitis, enquanto os países membros "continuam informados sobre a situação de maneira contínua".

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