Trump vai impor mais tarifas sobre produtos da China
Mesmo após trégua de Pequim, o presidente descartou a possibilidade de uma suspensão da medida
AFP
Publicado em 31 de agosto de 2019 às 18h30.
Última atualização em 31 de agosto de 2019 às 18h30.
Washington mantém sua estratégia de pressão máxima sobre a China com a entrada em vigor, neste domingo (1), de tarifas adicionais, como forma de forçar Pequim a assinar um acordo comercial, correndo o risco de desacelerar ainda mais o crescimento dos EUA e do mundo.
Essas tarifas adicionais de 15% serão aplicadas sobre cerca de 300 bilhões de dólares em produtos importados que ainda não haviam sido penalizados. Elas entram em vigor a partir da 00:01 de domingo no horário local (01:01 de Brasília), conforme anunciado pelo representante comercial americano (USTR).
O próprio presidente Donald Trump descartou a possibilidade de uma suspensão da medida. "Elas estão de pé", disse à imprensa na noite de sexta-feira.
Os produtos atingidos incluem alimentos como ketchup, carne, linguiça, frutas, legumes, leite e queijos. As tarifas sobre artigos esportivos, como tacos de golfe, pranchas de surfe ou bicicletas, e instrumentos musicais, roupas esportivas e até cadeirinhas infantis também serão ampliadas, de acordo com a lista oficial divulgada na sexta-feira.
Economistas do Instituto Peterson de Estudos Econômicos Internacionais estimaram o valor dos bens que serão cobertos a partir de domingo em 112 bilhões de dólares.
Novas tarifas
A guerra comercial desencadeada por Trump há um ano e meio continuou na semana passada com o anúncio da imposição de tarifas suplementares até o final do ano a todos os bens importados da China.
Mais de 250 bilhões dos 540 bilhões de dólares importados no ano passado foram penalizados até agora com tarifas adicionais.
Pequim deve replicar com um aumento em suas tarifas sobre 75 bilhões de dólares em produtos americanos.
Centenas de empresas e câmaras profissionais dos EUA pediram na quarta-feira para a Casa Branca evitar a imposição de novas tarifas. Eles alegaram que isso pode destruir os empregos e o consumo dos americanos.
Mas na sexta-feira, Trump, que almeja conquistar um novo mandato, criticou as empresas.
"As empresas mal administradas e fracas acusam habilmente essas pequenas tarifas, em vez de elas mesmas, por sua gestão ruim (...) E quem pode realmente acusá-las de fazer isso? São desculpas!", disse ele no Twitter.
A confiança dos consumidores registrou, em agosto, a maior queda desde dezembro de 2012, segundo pesquisa da Universidade de Michigan.
"Os dados indicam que a erosão da confiança do consumidor devido às práticas tarifárias foi consolidada", afirmou Richard Curtin, economista que realiza a pesquisa bimensal, na sexta-feira.
O fato de certos produtos não sofrerem aumento de tarifas para a China antes de 15 de dezembro sugere que o governo Trump possa temer o impacto de uma nova escalada. Entre eles, estão celulares e laptops, consoles de jogos, alguns brinquedos e roupas esportivas.
Nos Estados Unidos, o consumo gera 75% do crescimento do PIB.