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Trump e Obama disputam "paternidade" da bonança econômica nos EUA

Os indicadores americanos mostram que a maior economia mundial vive um momento dourado

TRUMP E OBAMA: q (Rob Carr/Reuters)
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EFE

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 15h03.

Washington, 2 nov (EFE).- A boa saúde da economia dos Estados Unidos, com uma taxa de desemprego em seu menor nível em 20 anos e um sólido crescimento, é um argumento usado constantemente pelo presidente Donald Trump e os políticos republicanos para convencerem os eleitores visando as eleições legislativas da próxima terça-feira.

O velho ditado eleitoral "É a economia, estúpido" se transformou em um mantra repetido várias vezes por Trump em uma agitada excursão pelo país para apoiar os candidatos republicanos à Câmara dos Representantes e ao Senado.

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"Temos a melhor economia que o país jamais teve e ainda está melhorando (...) Basta olhar os números", disse Trump em um recente ato eleitoral no estado de Montana e com sua habitual inclinação à hipérbole.

Trump garante que a aceleração econômica é consequência do seu agressivo estímulo fiscal, composto por grandes cortes de impostos sobre empresas e, em menor medida, sobre os trabalhadores, assim como de sua agenda de desregulação federal.

Além disso, ele alertou que, se os democratas retornarem ao poder, a economia subitamente perderá força.

Os indicadores certamente mostram que a maior economia mundial vive um momento dourado, mas estão longe de refletir recordes históricos.

A taxa de desemprego em setembro era de 3,7%, a menor em quase meio século. Por outro lado, o crescimento econômico é menos surpreendente, já que se espera que feche 2018 em cerca de 3%, um número já alcançado em 2010 e 2015, e que foi ultrapassado em 2004 e 2005.

Cientes do bom momento econômico, a estratégia do lado democrata se baseia nem tanto em questionar a robustez econômica, mas em reivindicar sua autoria.

O ex-presidente Barack Obama, que também se jogou de cabeça na batalha eleitoral para estimular os eleitores democratas, alegou que as bases da recuperação econômica foram estabelecidas em seus dois mandatos, e que Trump simplesmente herdou a onda de bonança.

"O povo deveria saber que há um padrão no qual eles (os republicanos) destroem as coisas e depois temos que vir (os democratas) e consertá-las", declarou Obama em um comício no estado de Nevada, ao citar a situação após a aguda crise econômica de 2008 a 2010, a maior nos EUA em oito décadas, e que explodiu durante o mandato do presidente republicano George W. Bush - embora os republicanos aleguem que ela nasceu nas gestões do democrata Bill Clinton.

Obama ressaltou que, quando deixou a presidência, "os salários estavam crescendo, a taxa de pessoas sem seguro médico caindo, e a pobreza diminuindo".

"Foi o que deixei para o meu sucessor. Portanto, quando ouvirem todos esses discursos sobre os milagres econômicos agora, lembrem quem os começou", destacou.

Mas as críticas de Trump não se destinam apenas à oposição democrata, também apontam para um alvo incomum: o Federal Reseve (Fed, o banco central dos EUA).

Ao contrário do tradicional respeito dos presidentes do país à independência do banco central, o atual mandatário criticou de maneira reiterada a progressiva alta de taxas de juros projetada pela instituição para acompanhar a boa saúde econômica.

"Não estou feliz (com a alta de taxas de juros)", afirmou Trump sobre a política de ajuste monetário do órgão dirigido por Jerome Powell.

Para Trump, que classificou a si mesmo como "o rei da dívida", o gradual encarecimento do preço do dinheiro ameaça "desacelerar" o crescimento econômico nacional.

O surpreendente é que Powell foi justamente o escolhido por Trump para dirigir o Fed para o lugar de Janet Yellen, que tinha sido nomeada por Obama para liderar o banco central e era considerada mais favorável a manter o estímulo monetário do que Powell.

As taxas de juros são atualmente de 2% a 2,25%, um nível inédito em uma década, e está prevista uma nova alta na última reunião do ano, em dezembro, que seria a quarta em 2018.

O Fed, por enquanto, faz pouco caso das incomuns advertências da Casa Branca. Na semana passada, Richard Clarida, vice-presidente do banco central e também designado por Trump, defendeu o rumo monetário em curso.

"Se os dados são os que esperamos, acredito que um maior ajuste gradual nas taxas de juros será apropriado", disse Clarida em seu primeiro discurso público no centro de estudos Peterson Institute for International Economics (PIIE).

Perguntado sobre se as palavras de Trump põem em dúvida a independência ou condicionam as decisões do Fed, Clarida foi taxativo em negar a possível relação.

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