Economia

Troca de US$ 1,3 bilhão em títulos soberanos fica abaixo das expectativas

A operação de troca de papéis da dívida externa brasileira totalizou 1,3 bilhão de dólares. O resultado ficou abaixo das expectativas e levou pessimismo ao mercado financeiro nesta quarta-feira (30/7). Com a troca, o governo desejava alongar e reduzir o custo da dívida externa, trocando títulos bradies (papéis emitidos na negociação da dívida em 1994) […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.

A operação de troca de papéis da dívida externa brasileira totalizou 1,3 bilhão de dólares. O resultado ficou abaixo das expectativas e levou pessimismo ao mercado financeiro nesta quarta-feira (30/7). Com a troca, o governo desejava alongar e reduzir o custo da dívida externa, trocando títulos bradies (papéis emitidos na negociação da dívida em 1994) e por um novo papel, chamado Global, com vencimentos em 2011 e 2024.

A meta era tirar do mercado lotes de três tipos de bradies (títulos emitidos após a renegociação da dívida em 1994): Par-Bonds, Discount-Bondes e também C-Bonds, o título mais negociado do Brasil no exterior. Mas nenhum C-Bond foi negociado apesar da expectativa de que poderiam ser trocados cerca de 500 milhões de dólares desse papel. Ao final, foram subscritos 452 milhões de dólares de Par-Bonds e 848 milhões dólares de Discount-Bonds.

O governo também buscou emitir novos Globals. Mas atraiu poucos investidores. A emissão movimentou apenas 123 milhões de dólares, em Globals 11 (os BR-11), um valor considerado ínfimo no mercado de bônus soberanos.

Para o mercado, a troca ficou abaixo das expectativas dos investidores no momento em que o Brasil restringiu os negócios com o C-Bond. Só poderia haver substituição de C-Bonds por Globals com vencimento em 2024 um prazo muito longo para um papel normalmente utilizado em negociações de curto prazo. Também pesou contra o fato de a troca estar ocorrendo no momento em que os títulos americanos estão oferecendo maior rentabilidade.

Apesar de os critérios técnicos, como preço e prazo dos títulos, serem apontados como os principais fatores para a recusa do investidor em trocar os C-Bonds, o resultado criou um clima de pessimismo no mercado financeiro local. "A imagem de um país sempre fica afetada quando ele tenta, mas não consegue, trocar papéis de prazos longos por papéis de prazos mais curtos", disse um analista.

Para alguns operadores, os investidores internacionais também estariam reagindo à piora no cenário político e social brasileiro, causada pelas invasões do Movimento do Sem Terra (MST) e dos sem tetos, e pelas divergências políticas envolvendo as reformas Tributária e da Previdência.

Câmbio e bolsa

A operação de troca ajudou a elevar a cotação do dólar. A moeda americana já vinha registrando alta nos últimos dias, seguindo a tendência histórica de ganhar fôlego nos finais do mês. Mas logo após o anúncio do resultado, a alta se acelerou. Ao final da tarde, o dólar acumulava uma elevação de 1,12%, cotado a 2,97 reais.

O mau humor acabou afetando também os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechou em queda de -1,09%. Há seis dias o pregão estã em baixa. Parte do movimento negativo foi sustentado por boatos de que o balanço da Telemar, previsto para ser divulgado amanhã, mostraria prejuízos acima do esperado.

Garantias

Entre as poucas boas novidades do dia ligada a operação de troca está o aumento das reservas de moeda estrangeira do país. Com a operação de troca foram liberados 490 milhões de dólares em garantias, representadas por títulos do Tesouro Americano e depósitos junto ao BIS (Banco de Compensação Internacional, o banco central dos bancos centrais). No total, a operação resultou no levantamento de recursos de 613 milhões de dólares para o Brasil. A liquidação financeira da operação ocorrerá no dia 7 de agosto. JP Morgan e Morgan Stanley atuaram como agentes da operação.

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