Tinha mesmo que ser ele?
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de advogados. Não falta gente qualificada para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Por que escolher alguém que peca em todos os requisitos?
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2010 às 11h28.
Será que não haveria, mesmo, outro nome para ser indicado? Um ministro do STF, o tribunal que dá a última palavra na questão vital do cumprimento das leis, tem, obrigatoriamente, de ser portador de confiança pública na sua imparcialidade e na sua independência em relação ao governo; não é fácil, e por isso mesmo se espera que o presidente da República faça o máximo de esforços para escolher entre os nomes que mais se aproximem desse perfil. Praticamente toda a carreira profissional de Toffoli, entretanto, foi consumida a serviço de um partido político, o PT, e do atual Poder Executivo: trabalhou como assessor jurídico da bancada do PT na Câmara dos Deputados, foi advogado das campanhas eleitorais de Lula em 1988, 2002 e 2006, serviu na Casa Civil com o ex-ministro José Dirceu e acabou como advogado-geral da União. Outro quesito essencial para alguém ocupar um cargo de ministro do STF, pelo menos no entendimento comum, é ser um craque indiscutível em direito -- algo que se afere pelo histórico profissional do candidato, pelo êxito de suas ideias nos tribunais e pela reputação que tem nos meios jurídicos. De novo, aí, não está claro o que o nome preferido pelo presidente tem a apresentar.
Faltam a Toffoli títulos acadêmicos, conclusão de cursos importantes e experiência. Não tem (e, diga-se a seu favor, não finge que tem) mestrados nem doutorados em direito. Não escreveu livros nem artigos de grande impacto para um melhor entendimento da lei. Não fez defesas nem acusações que possam servir de marco importante na sua atividade. Não se conhece, de sua parte, nenhuma contribuição teórica original para o avanço da ciência jurídica no Brasil. Tem apenas 42 anos e, como todos os cidadãos na sua idade, ainda muito o que aprender -- e o tribunal supremo da nação não é, seguramente, o lugar ideal para fazer aprendizado do direito. Toffoli prestou dois concursos para entrar na carreira de juiz estadual; foi reprovado nos dois. Para encerrar, já foi condenado em dois processos, dos quais está recorrendo -- naturalmente, com as melhores chances do mundo, quando se leva em consideração que as particularidades da lei brasileira tornam praticamente impossível a condenação de um advogado, ou mesmo de um ex-advogado, geral da União.
Será que não haveria, mesmo, outro nome para ser indicado? Um ministro do STF, o tribunal que dá a última palavra na questão vital do cumprimento das leis, tem, obrigatoriamente, de ser portador de confiança pública na sua imparcialidade e na sua independência em relação ao governo; não é fácil, e por isso mesmo se espera que o presidente da República faça o máximo de esforços para escolher entre os nomes que mais se aproximem desse perfil. Praticamente toda a carreira profissional de Toffoli, entretanto, foi consumida a serviço de um partido político, o PT, e do atual Poder Executivo: trabalhou como assessor jurídico da bancada do PT na Câmara dos Deputados, foi advogado das campanhas eleitorais de Lula em 1988, 2002 e 2006, serviu na Casa Civil com o ex-ministro José Dirceu e acabou como advogado-geral da União. Outro quesito essencial para alguém ocupar um cargo de ministro do STF, pelo menos no entendimento comum, é ser um craque indiscutível em direito -- algo que se afere pelo histórico profissional do candidato, pelo êxito de suas ideias nos tribunais e pela reputação que tem nos meios jurídicos. De novo, aí, não está claro o que o nome preferido pelo presidente tem a apresentar.
Faltam a Toffoli títulos acadêmicos, conclusão de cursos importantes e experiência. Não tem (e, diga-se a seu favor, não finge que tem) mestrados nem doutorados em direito. Não escreveu livros nem artigos de grande impacto para um melhor entendimento da lei. Não fez defesas nem acusações que possam servir de marco importante na sua atividade. Não se conhece, de sua parte, nenhuma contribuição teórica original para o avanço da ciência jurídica no Brasil. Tem apenas 42 anos e, como todos os cidadãos na sua idade, ainda muito o que aprender -- e o tribunal supremo da nação não é, seguramente, o lugar ideal para fazer aprendizado do direito. Toffoli prestou dois concursos para entrar na carreira de juiz estadual; foi reprovado nos dois. Para encerrar, já foi condenado em dois processos, dos quais está recorrendo -- naturalmente, com as melhores chances do mundo, quando se leva em consideração que as particularidades da lei brasileira tornam praticamente impossível a condenação de um advogado, ou mesmo de um ex-advogado, geral da União.
O presidente Lula, é claro, disse que as críticas quanto à indicação de Toffoli são "uma bobagem". Tudo bem, porque ele acha simplesmente impossível tomar alguma decisão errada, mas o que se faz com os fatos descritos acima? Eles não vão sumir. Se Lula estivesse precisando indicar um especialista em mecanismos de simetria na física subatômica, vá lá; pouca gente entende disso e nessas horas, como se diz, "se não tem tu, vai tu mesmo". Mas achar um advogado no meio de 600 000? Aí já fica difícil acreditar que o melhor nome disponível, ou o único, seja o de Toffoli. Justamente esse?