Economia

Teto fará revolução cultural no Congresso, diz economista do Itaú

“Essa PEC força um amadurecimento do debate e o Congresso vai ser contido por isso”, disse o economista-chefe do banco Itaú

Congresso: o ideal, para o Palácio do Planalto, é que todos retornem ao trabalho em 10 de janeiro

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de outubro de 2016 às 15h42.

Última atualização em 27 de outubro de 2016 às 17h12.

São Paulo – Para Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o teto de gastos causará uma “revolução cultural” nos parlamentares.

Ele diz que atualmente os congressistas do país todo não hesitam em dar aumento para servidores de Brasília mesmo sem benefício próprio porque depois sempre podem simplesmente aumentar o gasto geral para abarcar suas próprias demandas.

A partir de agora, estarão obrigados a cortar de uma área para colocar em outra, o que deve mudar essa dinâmica.

“Quando eu [parlamentar] for agradar o lobby dos funcionários de Brasília eu vou tirar dinheiro daquela causa ou daquele gasto que pode me reeleger”, disse em encontro com jornalistas na sede do banco em São Paulo.

Aprovada nessa terça-feira em segundo turno de votação na Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda Constitucional 241 determina que por 20 anos os gastos federais não terão aumento real, sendo corrigidos anualmente pela inflação do ano anterior.

“Essa PEC força um amadurecimento do debate e o Congresso vai ser contido por isso”, disse Mesquita.

Ele também criticou as estimativas de perdas bilionárias para Educação e Saúde nos próximos anos. O teto define que os gastos nessas duas áreas terão piso com base nos gastos atuais e não mais na receita, como é hoje.

Para Mesquita, essas áreas também tem poder de pressão política e supor aumento de receita futuro é supor aumento do PIB, o que não deve ocorrer sem medidas como a do teto.

“Supor que o PIB vai crescer sem reformas que garantam a solvência do estado é algo heroico, irracional”, disse ele.

O risco de insolvência, segundo ele, é resultado direto de uma dívida bruta que subiu cerca de 25 pontos percentuais - de 55% para cerca de 80% do PIB - só nos últimos dois anos.

"É muito raro você ter um crescimento de divida dessa magnitude em um país que não está em guerra ou algo do tipo", disse Mesquita.

A boa notícia é que a partir de agora essa dinâmica deve perder força não apenas por causa do teto mas também pela trajetória de queda dos juros e recuperação do crescimento econômico.

 

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