Economia

Tensão comercial entre EUA e China marca reunião do G20

As medidas americanas que atingem principalmente a China, por conta da sua super produção de aço, foi criticada também por países aliados

A primeira reunião do G20 é feita a apenas quatro dias da entrada em vigor da tarifação americana (Carlos Barria/Reuters)

A primeira reunião do G20 é feita a apenas quatro dias da entrada em vigor da tarifação americana (Carlos Barria/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de março de 2018 às 15h34.

Última atualização em 19 de março de 2018 às 15h37.

Os Estados Unidos e a China, em disputa sobre a questão do aço, "mostraram seus dentes" nas negociações do comunicado final da reunião do G20 iniciada nesta segunda-feira em Buenos Aires.

A reunião de Buenos Aires, a primeira sob a presidência argentina do G20, é feita a apenas quatro dias da entrada em vigor da tarifação de 25% sobre as importações de aço dos Estados Unidos e 10% sobre o alumínio.

Como nas demais reuniões do G20 desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca há pouco mais de um ano, a redação do comunicado final reflete uma luta feroz entre as duas maiores economias mundiais.

"A declaração final deve reconhecer que há tensões comerciais", destacaram essas fontes, faltando quatro dias para a entrada em vigor.

Antes da declaração ser publicada na terça-feira após a reunião, "a China e os Estados Unidos mostraram seus dentes" e não foi possível evitar tensões no texto final, indicaram.

Enquanto as medidas americanas visam principalmente a China, cuja superprodução de aço é denunciada há anos por seus parceiros, os aliados europeus de Washington também são alvo de Trump, que frequentemente ataca a Alemanha por seus excedentes comerciais.

Nos últimos dias, os europeus reafirmaram sua união com os Estados Unidos e os esforços diplomáticos se multiplicaram para impedir que as tarifas de aço desencadeassem uma guerra comercial.

"Dividir a Europa não pode ser do interesse dos Estados Unidos, e não conseguirão", disse o ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, ao jornal econômico Handelsblatt antes de viajar a Washington para uma reunião com seus equivalentes americanos.

Duelo fiscal

Outro tema que desperta tensão entre Estados Unidos e União Europeia é a tributação de empresas digitais, como Google, Amazon, Facebook e Twitter.

Os membros do G20 não conseguiram alcançar, antes da reunião de Buenos Aires, um consenso sobre o tipo de tributação fiscal a curto ou longo prazo, deixando a porta aberta a medidas unilaterais, enquanto um acordo global é negociado.

A Comissão Europeia deve apresentar as suas próprias medidas na próxima quarta-feira, em Bruxelas.

Em uma carta enviada ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steve Mnuchin, o comissário europeu Pierre Moscovici tentou tranquilizá-lo, garantindo que seu projeto não é criar um imposto para as empresas digitais.

Moscovici, que se dirigirá aos ministros de Finanças do G20 na terça-feira, negou que fosse uma retaliação às medidas de Trump sobre o aço.

"Essas propostas não respondem a um pedido da França, nem são uma resposta contra os Estados Unidos. Trabalhamos com as empresas digitais, os europeus, a OCDE e os nossos parceiros internacionais, inclusive nossos amigos americanos, há meses", explicou à AFP.

Mas isso não o impediu de enviar um alerta a Mnuchin na sexta-feira. "Os Estados Unidos se opõem firmemente às propostas de qualquer país quando se trata de tributar empresas digitais", afirmou.

Neste contexto, os ministros das finanças e os presidentes dos bancos centrais das principais economias mundiais devem evitar mencionar a palavra "protecionismo", um termo proibido desde a chegada de Trump à Casa Branca.

Em vez disso, deve-se utilizar a formulação "inward looking policies" ou "políticas orientadas internamente".

A expressão, sugerida pela diretora do FMI Christine Lagarde, segundo fontes da AFP, mostra as dificuldades do G20 em chegar a um consenso.

 

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