Economia

Temos autonomia operacional do BC, afirma Mantega

O ministro da Fazenda se mostrou totalmente contrário à independência em lei da autoridade monetária


	Mantega: "não pode ter independência do BC só com a meta inflacionária. Tem que olhar também emprego e crescimento"
 (José Cruz/Agência Brasil)

Mantega: "não pode ter independência do BC só com a meta inflacionária. Tem que olhar também emprego e crescimento" (José Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 13h07.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez críticas a propostas de candidatos da oposição sobre a política de ajuste macroeconômico para 2015 no Brasil. Ele manifestou-se claramente favorável à autonomia do Banco Central e totalmente contrário à independência em lei da autoridade monetária.

Seus comentários ficaram em linha com as avaliações da presidente Dilma Rousseff realizadas em entrevistas e na propaganda de TV na campanha de reeleição.

"Hoje temos autonomia operacional do BC. Em contraposição à autonomia, fala-se agora de independência do BC. Não pode ter independência do BC só com a meta inflacionária. Tem que olhar também emprego e crescimento", comentou Mantega.

"Então, teria que acabar com o regime de metas. Independência do BC poderia ser independência do governo e do Congresso. Um grupo de iluminados pode definir a política econômica sem ter um diálogo com o presidente eleito", destacou.

"Isso é um pouco complicado. Poderia haver situações de choque entre o Presidente da República e o BC. Em 1998, o presidente Fernando Henrique (Cardoso) não podia trocar o Gustavo Franco", apontou. "Eu prefiro ficar com a autonomia operacional do BC. Para levar a inflação à meta mais rapidamente, teria que subir os juros ou com choque fiscal", apontou o ministro.

Ele ironizou indiretamente a candidata a presidente do PSB, Marina Silva, pois ouviu em "48 horas, que a meta será mantida, elevada e reduzida." Ele fez os comentários no Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O ministro também falou no evento que as medidas adotadas pelo governo como forma de atenuar os efeitos da crise baseiam-se em uma visão. "Não quero botar rótulos, não quero falar que foi uma visão keynesiana ou liberal", disse, acrescentando que dos dois lados receberia críticas. De acordo com o ministro, houve críticas "das viúvas dos juros altos e também dos que são contra a atuação dos bancos públicos". Por outro lado, disse, a política industrial é amplamente criticada pela visão neoliberal "Muita gente ficou com saudades dos juros reais altos, as viúvas dos juros altos", reiterou.

Desempenho

Para Mantega, o Brasil fica muito próximo da Coreia, com desempenho bastante razoável ao longo da crise. "Não aconteceu com o Brasil o que aconteceu no passado com outras crises, em que o país afundava. Estou fazendo comparação com países do G-20", destacou.

Também de 2008 a 2014, de acordo com o ministro, a economia brasileira ficou muito perto de outras economias. "Crescemos no período 17,5%. Países da zona do euro ficaram negativos. Agora tem que crescer muito para recuperar o patamar passado. Isso mostra que o Brasil passou por um período de crise que muitos parecem esquecer, disse.

Para Mantega, a média crescimento do Brasil não é ruim. Mantemos virtudes neste período de crise. A massa salarial cresceu neste período de crise, o que se viu pouco no resto do mundo. Mantemos intacto o mercado de consumo. Só não está melhor porque falta crédito", disse o ministro.

De acordo com ele, a economia internacional está demorando a recuperar. "Mas acredito que os EUA terão crescimento mais sólido que os países da Europa. Mesmo os emergentes estão reduzindo crescimento. E não dá para comparar Brasil com Índia e China porque estão em estágios diferentes de crescimento", disse o ministro, dando como exemplo a desaceleração em curso das economias chilena e peruana.

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