Economia

Tecnologia puxa reação da indústria

O movimento foi puxado pela produção de telefones celulares, computadores, televisores, automóveis e máquinas para o setor agrícola

Tecnologia: produção da indústria de alta intensidade avançou 1,4%, enquanto a de média-alta cresceu 2,7% (Jeff J. Mitchell/Getty Images)

Tecnologia: produção da indústria de alta intensidade avançou 1,4%, enquanto a de média-alta cresceu 2,7% (Jeff J. Mitchell/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de agosto de 2017 às 09h46.

Rio - As indústrias que usam mais tecnologia em suas linhas de montagem, como as fabricantes de eletroeletrônicos, automóveis e máquinas, têm puxado a reação da produção industrial este ano. Um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast revela que esses setores cresceram acima da média no primeiro semestre deste ano.

O movimento foi puxado pela produção de telefones celulares, computadores, televisores, automóveis e máquinas para o setor agrícola. Uma demanda impulsionada pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) inativo, pelas exportações e pela supersafra de grãos.

O estudo do Iedi divide a indústria em quatro categorias de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média-baixa e baixa. No primeiro semestre, as duas primeiras categorias cresceram acima da produção industrial total, que avançou 0,5% ante 2016, o primeiro crescimento após seis semestres de queda. A produção da indústria de alta intensidade avançou 1,4%, enquanto a de média-alta cresceu 2,7%. Já as indústrias de média-baixa e baixa intensidade ficaram com desempenho abaixo da média, com quedas de 3,1% e 0,2%, respectivamente.

O cenário mais positivo já surgiu, por exemplo, no balanço da Weg do segundo trimestre, divulgado há um mês. A fabricante de equipamentos eletroeletrônicos para automação registrou lucro líquido de R$ 272 milhões, crescimento de 6,7% sobre o mesmo período de 2016, embora a receita líquida tenha caído 2,3%, para R$ 2,3 bilhões.

Nos comunicados ao mercado sobre os resultados, a Weg citou que "o cenário doméstico é de relativa melhora". Além disso, houve recuperação de vendas nos principais mercados da companhia no exterior, embora a receita com exportações tenha sido atrapalhada pelo câmbio, disse o diretor André Luís Rodrigues, a analistas no mês passado.

Segundo o Iedi, o crescimento na produção das indústrias mais tecnológicas também foi marcado por uma base de comparação ruim - no início de 2016, a atividade industrial foi fraca. Ainda assim, a safra de grãos recorde esperada para este ano estimulou a demanda no campo por bens de capital, o setor externo absorveu a fabricação de automóveis, enquanto a liberação de contas inativas do FGTS impulsionou as vendas de eletrodomésticos da linha marrom, como televisores.

Juros

Parte desses fatores perderá força no resto do ano, mas a queda nos juros pode ajudar esses setores, segundo Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi. "Os recursos do FGTS não terão a mesma força, mas outros fatores podem compensar, como a melhora no quadro de crédito, com quedas nas taxas de juros. A renda dos trabalhadores voltou a crescer, e a inflação mais baixa também está liberando a renda das famílias para outros consumos, para itens que não sejam essenciais."

No primeiro semestre, a produção de equipamentos de TV e comunicação saltou 24,3%; equipamentos de informática cresceram 6,0%; veículos automotores aumentaram 11,7%; e máquinas e equipamentos mecânicos tiveram alta de 2,4%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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