Economia

Tecnologia cria mais empregos do que elimina, diz estudo

Para trio de economistas da Deloitte, história britânica mostra que não devemos temer o efeito dos robôs sobre o mercado de trabalho

mão-de-robô (Thinkstock/muratsenel)

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 14h23.

São Paulo - Um dos debates mais quentes do momento no mundo econômico é se a tecnologia terá um efeito destrutivo sobre os empregos.

Mais da metade das vagas na União Europeia corre o risco de sumir nas próximas décadas, de acordo com o think tank Bruegel. O número é parecido nos Estados Unidos, diz outro estudo da Universidade de Oxford.

Uma pesquisa com 1.896 experts em tecnologia mostra que eles estão bem divididos sobre o que a automatização pode fazer com o mercado de trabalho.

No livro "A Segunda Era das Máquinas", Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee dizem que um ponto de inflexão foi atingido e deve levar a uma mudança econômica equivalente à Revolução Industrial.

Para um trio de economistas da empresa de consultoria Deloitte, o debate pendeu demais para o lado negativo porque os efeitos criativos da mudança tecnológica são indiretos e imprevisíveis e acontecem ao longo de grandes períodos.

"Quem poderia prever há 60 anos, por exemplo, o papel que lojas de café, academias e a telefonia móvel teriam nas nossas vidas no começo do século XXI?", perguntam os autores Ian Stewart, Debapratim De and Alex Cole em um novo estudo.

Eles tomam como base o censo da Inglaterra e do País de Gales desde 1871 e notam a evolução do número de pessoas empregadas em cada profissão ao longo do tempo - e as mudanças são brutais.

Entre 1871 e hoje, a proporção de trabalhadores agrícolas caiu de 6,6% para 0,2% do total. Entre 1901 e 2011, o número de pessoas empregadas em "lavar roupa" foi de 200 mil para 35 mil (enquanto a população total quase dobrava).

Mas há hoje 20 vezes mais contadores e 26 vezes mais enfermeiros profissionais no país do que em 1871. O número de trabalhadores em bares quadruplicou só entre 1951 e 2011.

Moral da história: a produtividade e a tecnologia eliminam setores inteiros, mas no processo puxam para baixo o custo de bens e serviços, liberando renda disponível para os consumidores alimentarem novos setores que nem existiam antes.

"Quando uma máquina substitui um humano, o resultado, paradoxalmente, é crescimento mais rápido e em tempo, aumento do nível de emprego (...) Não podemos prever os empregos do futuro, mas acreditamos que eles continuarão sendo criados, melhorados e destruídos como aconteceu nos últimos 150 anos".

Outros especialistas discordam. De acordo com Jeremy Rifkin, o capitalismo atual baseado em informação tende ao custo marginal zero e isso se tornará incompatível com o mercado.

A pergunta principal continua sendo: até que ponto o futuro reproduz o passado? E essa nenhum robô (ou estudo) pode responder.

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