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Da Redação
Publicado em 9 de março de 2010 às 12h01.
São Paulo - A disputa entre Estados Unidos e Brasil em torno dos subsídios norte-americanos à produção de algodão deve aumentar nesta terça-feira (9/3), quando o secretário de comércio dos EUA, Gary Locke, e Michael Froman, assessor de segurança nacional, chegarão a Brasília para discutir o caso. Segundo o jornal Financial Times, a decisão do Brasil de levar adiante a sobretaxação de alguns produtos importados dos EUA pode causar uma "guerra" no comércio entre os dois países.
O gabinete da representação comercial dos EUA disse que não esperava a retaliação do governo brasileiro. "Trabalhamos para chegar a uma solução para o problema sem que o Brasil precisasse recorrer a medidas contrárias e ainda preferimos uma negociação", declarou o órgão. O Conselho Nacional do Algodão norte-americano acredita que o Brasil errou ao contrariar a tradição histórica de primar pelas negociações. "As ações do governo brasileiro estão impondo um dano injustificável aos interesses do Brasil e dos EUA, em tempos que todos enfrentam problemas econômicos", lamenta a associação.
O analista Jon Huenemann, do escritório de advocacia Miller & Chevalier, acha que existe uma saída a essa situação, mas ela vai requerer muito jogo de cintura por causa dos efeitos políticos envolvidos na decisão. "A única maneira de isso não virar um acidente é se algo realmente significativo seja oferecido ao Brasil", afirmou Huenemann.
Uma das soluções enxergadas por oficiais do Brasil é a transferência de tecnologia dos EUA na produção do algodão a fazendeiros nacionais. De qualquer jeito, o fim das conversas, para os brasileiros, deve passar necessariamente por uma mudança relativa ao algodão norte-americano.
O problema é que mexer nas políticas de auxílio à produção precisariam de mudanças na leis agrícolas e poderia ser bem difícil uma aprovação do Congresso norte-americano a novos projetos, já que os EUA são os maiores exportadores de algodão.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) permitiu o aumento das tarifas - que podem chegar até 560 milhões de dólares -, dando a vitória ao Brasil no ano passado, no processo relativo aos subsídios dos EUA a fazendeiros produtores de algodão. O Brasil anunciou nesta segunda-feira uma lista de 102 produtos americanos que pagarão Imposto de Importação maior. Outras retaliações permitidas são sobre a propriedade intelectual norte-americana.