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Clima seco deve postergar início da moagem no centro-sul

Segundo especialistas, estiagem e altas temperaturas que afetam áreas produtoras de cana do centro-sul país deve postergar o início da moagem

Caminhões são carregados com cana de açúcar em uma das instalações da Cosan em Piracicaba, no interior de São Paulo (JC Franca/Bloomberg News)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 16h35.

São Paulo - A estiagem e altas temperaturas que afetam áreas produtoras de cana do centro-sul país deve postergar o início da moagem em 2014/15, com usinas adiando a colheita à espera de melhores condições da planta, segundo representantes do setor.

O cenário atual vem contribuindo para sustentar os preços do açúcar nos mercados internacionais, apesar de a indústria ainda não ter dimensionado o impacto da estiagem de janeiro na moagem da cana.

Usinas do Paraná, que tradicionalmente dão início à moagem do centro-sul, devem atrasar os trabalhos este ano.

O Estado, que está entre os cinco maiores produtores de cana do Brasil, normalmente começa a moagem entre o final de março e início de abril, o que não deve acontecer em 2014 por causa do clima mais seco.

"O período de maior crescimento vegetativo da cana é exatamente entre janeiro e fevereiro... Se chove pouco, a cana não cresce o suficiente, e dificilmente se consegue cortar a cana no período normal", disse o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Rubens Tranin.

O Estado responde por cerca de 7 por cento da safra do centro-sul, que colhe aproximadamente 90 por cento da produção de cana do Brasil, o maior exportador global de açúcar do mundo.

O executivo explicou ainda que o período de verão, com chuvas e boa luminosidade, concentra cerca de 50 a 60 por cento do potencial de crescimento da planta.

Revisões

A Alcopar estimava inicialmente uma moagem de 42 milhões de toneladas em 2014/15, estável ante o ciclo anterior, mas com a seca já prevê um volume menor, embora a associação ainda não consiga dimensionar o tamanho da perda.

O gestor técnico operacional da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste) vê efeito semelhante nos canaviais do Estado, que responde por 60 por cento da produção do centro-sul.

"A seca pode atrasar o início da safra, porque a cana ainda está pequena", disse o gestor da Canaoeste, Gustavo Nogueira. Com um volume de chuvas dois terços menor que o histórico para janeiro, já houve atraso no desenvolvimento das plantas, o que prejudica a produtividade.


A seca combinada com um índice menor de renovação de canaviais em partes do centro-sul, por conta das dificuldades financeiras vividas pela indústria na região, pode resultar em produtividades ainda menores.

"É muito cedo ainda para adiantar um número para a safra 2014/15, mas alguns produtores apostam numa produção, na melhor das hipóteses, igual a de 2013/2014, ou seja, em torno de 595 milhões de toneladas", disse o gestor de riscos da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, em nota.

Na avaliação da Archer, este movimento pode marcar uma reviravolta nas cotações da commodity, depreciada pelo grande excedente na oferta global.

Segundo ele, os fatores que devem sustentar os preços são a confirmação dos efeitos da seca, combinado com o consumo sustentado de açúcar e de etanol.

Plantio

Outro efeito do atual clima seco é a dificuldade de cultivar a cana de ciclo mais longo, plantada neste período para ser colhida em 18 meses, que tem importante fatia do total cultivado.

"O produtor não está conseguindo plantar, e este é o melhor período para a cana de 18 meses", disse o diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

O gestor técnico da Canaoeste disse que a cana de 18 meses é a mais significativa para o centro-sul. Mas o solo seco e compactado está inviabilizando o plantio em algumas regiões.

No Paraná, onde esta variedade equivale a cerca de 30 por cento do total da safra, a compactação do solo também está atrapalhando o plantio da cana de 18 meses em algumas áreas, observou o presidente da Alcopar.

Chuvas previstas para retornar às lavouras esta semana não devem ser suficientes para reverter a situação, mas podem trazer algum alívio ao centro-sul.

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O cenário atual vem contribuindo para sustentar os preços do açúcar nos mercados internacionais, apesar de a indústria ainda não ter dimensionado o impacto da estiagem de janeiro na moagem da cana.

Usinas do Paraná, que tradicionalmente dão início à moagem do centro-sul, devem atrasar os trabalhos este ano.

O Estado, que está entre os cinco maiores produtores de cana do Brasil, normalmente começa a moagem entre o final de março e início de abril, o que não deve acontecer em 2014 por causa do clima mais seco.

"O período de maior crescimento vegetativo da cana é exatamente entre janeiro e fevereiro... Se chove pouco, a cana não cresce o suficiente, e dificilmente se consegue cortar a cana no período normal", disse o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Rubens Tranin.

O Estado responde por cerca de 7 por cento da safra do centro-sul, que colhe aproximadamente 90 por cento da produção de cana do Brasil, o maior exportador global de açúcar do mundo.

O executivo explicou ainda que o período de verão, com chuvas e boa luminosidade, concentra cerca de 50 a 60 por cento do potencial de crescimento da planta.

Revisões

A Alcopar estimava inicialmente uma moagem de 42 milhões de toneladas em 2014/15, estável ante o ciclo anterior, mas com a seca já prevê um volume menor, embora a associação ainda não consiga dimensionar o tamanho da perda.

O gestor técnico operacional da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste) vê efeito semelhante nos canaviais do Estado, que responde por 60 por cento da produção do centro-sul.

"A seca pode atrasar o início da safra, porque a cana ainda está pequena", disse o gestor da Canaoeste, Gustavo Nogueira. Com um volume de chuvas dois terços menor que o histórico para janeiro, já houve atraso no desenvolvimento das plantas, o que prejudica a produtividade.


A seca combinada com um índice menor de renovação de canaviais em partes do centro-sul, por conta das dificuldades financeiras vividas pela indústria na região, pode resultar em produtividades ainda menores.

"É muito cedo ainda para adiantar um número para a safra 2014/15, mas alguns produtores apostam numa produção, na melhor das hipóteses, igual a de 2013/2014, ou seja, em torno de 595 milhões de toneladas", disse o gestor de riscos da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, em nota.

Na avaliação da Archer, este movimento pode marcar uma reviravolta nas cotações da commodity, depreciada pelo grande excedente na oferta global.

Segundo ele, os fatores que devem sustentar os preços são a confirmação dos efeitos da seca, combinado com o consumo sustentado de açúcar e de etanol.

Plantio

Outro efeito do atual clima seco é a dificuldade de cultivar a cana de ciclo mais longo, plantada neste período para ser colhida em 18 meses, que tem importante fatia do total cultivado.

"O produtor não está conseguindo plantar, e este é o melhor período para a cana de 18 meses", disse o diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

O gestor técnico da Canaoeste disse que a cana de 18 meses é a mais significativa para o centro-sul. Mas o solo seco e compactado está inviabilizando o plantio em algumas regiões.

No Paraná, onde esta variedade equivale a cerca de 30 por cento do total da safra, a compactação do solo também está atrapalhando o plantio da cana de 18 meses em algumas áreas, observou o presidente da Alcopar.

Chuvas previstas para retornar às lavouras esta semana não devem ser suficientes para reverter a situação, mas podem trazer algum alívio ao centro-sul.

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