Economia

Cresce debate nos EUA sobre 'ameaça chinesa'

Há crescente preocupação entre altos funcionários da Casa Branca de que a demanda chinesa por insumos ajude a impulsionar "governos repulsivos" como o da Venezuela, presidida por Hugo Chávez e grande produtora de petróleo

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.

A oferta da petrolífera chinesa Cnooc pelo controle da americana Unocal acendeu um debate nos Estados Unidos sobre as implicações do rápido desenvolvimento econômico da China. Segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal desta segunda-feira (27/6), muitos, tanto no Congresso quanto no Pentágono, pensam que a evolução econômica chinesa vai apressar um choque inevitável com os Estados Unidos por liderança econômica e política.

De outro lado, muitos empresários e acadêmicos consideram que a crescente prosperidade e os cada vez mais intrincados laços econômicos da China com o resto do mundo farão do país uma nação mais democrática e uma força a favor da estabilidade global. Para The Wall Street Journal, ambas posições podem amparar-se em episódios históricos.

Segundo o historiador Brad DeLong, da Universidade da Califórnia, os Estados Unidos e a Grã Bretanha, nos tempos em que a última era a única superpotência mundial, quase degringolaram em 1840 para conflitos militares por conta de rixas comerciais. Mas o modelo que se impôs foi o da cooperação ("acomodação, ao invés de supressão"). Assim, em 1900, qualquer referência a conflitos entre as duas nações era descartada como tolice pelos formadores de opinião, tal era o nível de interdependência de interesses entre a economia americana e a britânica. Para DeLong, o mesmo pode se aplicar às relações entre americanos e chineses. Segundo o especialista, o mundo será mais seguro se a China perceber que os Estados Unidos estimulam, e não sabotam, seu desenvolvimento econômico.

O exemplo contrário vem da Alemanha, que se aproximava dos padrões britânicos de desenvolvimento no mesmo período em que os Estados Unidos despontavam. O resultado, neste caso, foi a guerra. A cientista política Katherine Barbieri, da Universidade da Carolina do Sul, afirma que os países que têm mais relações comerciais entre si estão mais propensos ao conflito, porque pontos múltiplos de contato geram mais oportunidades de fricção. A especialista formula outra ressalva: "Comércio gera riqueza, mas certos países podem aplicá-la a propósitos militares. Estamos concedendo à China o poder para consolidar uma força militar poderosa."

Alguns especialistas em Ásia da administração George W. Bush estão apreensivos com o déficit comercial com a China, que bateu em 160 bilhões de dólares no ano passado. Para esses altos funcionários da Casa Branca, tamanho rombo não poderá ser mantido sem "repercussões políticas". Também há crescente preocupação, diz a reportagem, de que a demanda chinesa por insumos ajude a impulsionar "governos repulsivos" como o da Venezuela, presidida por Hugo Chávez e grande produtora de petróleo.

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