Um pretexto para a realização de lucros. É assim que o mercado financeiro interpreta a transferência de poder no Iraque, realizada nesta segunda-feira (28/6) pelos Estados Unidos. "O aspecto político é muito forte na precificação", afirma Paschoal Paione, analista do mercado de petróleo do Banco Fator. Um deles é justamente a posse, dois dias antes do programado, de um governo iraquiano interino, ainda que isso não repercuta significativamente em termos de soberania. A ocupação militar americana, que já completa 14 meses, continua.

"Como havia um consenso de que a cotação estava muito alta, e o mercado estava procurando motivo para realizar lucros, a concretização da transferência de poder foi usada como pretexto para a realização de lucros", diz Paione. Assim, os contratos internacionais de petróleo caíram 3,6%, com recuos de mais de 1 dólar. Em Londres, o petróleo tipo Brent para agosto caiu 1,26 dólar para 33,71 dólares o barril, mas chegou a atingir durante o dia o menor patamar em dois meses (33,56 dólares). Em Nova York, o barril de petróleo bruto para agosto caiu 1,34 dólar, para 36,21 dólares.

A outra variável política que tem pesado no jogo das cotações é, segundo Paione, a forte recomposição dos estoques de combustíveis nos Estados Unidos, mesmo quando a cotação persistia no patamar dos 40 dólares o barril. "O que motiva isso é puramente político. A intenção da administração Bush é, com estoques reforçados, ter condições de derrubar o preço perto das eleições presidenciais de novembro."

Outro motivo mencionado pelo mercado para a queda das cotações do petróleo foi a retomada ontem dos embarques da Noruega, terceiro maior exportador mundial, dois dias depois do fim de uma greve operária no setor.