Economia

SNF resistiria a calote de empresas da Lava Jato, diz BC

A necessidade de capital para reenquadramento calculada pela instituição é de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% do Patrimônio de Referência atual do sistema


	Banco Central: a necessidade de capital para reenquadramento calculada pela instituição é de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% do Patrimônio de Referência atual do sistema
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Banco Central: a necessidade de capital para reenquadramento calculada pela instituição é de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% do Patrimônio de Referência atual do sistema (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 12h57.

Brasília - Se todas as empresas citadas na Operação Lava Jato hoje anunciassem default, considerando também seus respectivos grupos, rede de conexões e funcionários, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) continuaria mostrando alta resistência, com nenhuma instituição insolvente, na avaliação do Banco Central.

A necessidade de capital para reenquadramento calculada pela instituição é de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% do Patrimônio de Referência atual do sistema.

"Evidentemente que, nas hipóteses mais extremas, a rentabilidade do SFN seria impactada de forma ainda mais severa", considerou o BC.

Para tratar do tema, a instituição apresentou um boxe exclusivo sobre o assunto dentro do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado na manhã desta quinta-feira, 1º, pelo BC.

"Embora a rentabilidade fosse bastante afetada, nenhuma instituição financeira ficaria insolvente, e o impacto geraria necessidade de capital de R$ 130 milhões para o reenquadramento de instituições financeiras", trouxe o documento intitulado "Impactos de Contágio do Setor Real no Sistema Financeiro".

Para elaborar o adendo, o BC construiu uma metodologia de contágio para estimar riscos e potenciais impactos provenientes de default de empresas do setor real da economia no sistema financeiro. O BC observou, no entanto, que nem todos os grupos estão representados e que as exposições das empresas e de seus empregados são o ponto de partida para medir o impacto no SFN.

Pré-inadimplência

A pré-inadimplência (indicador antecedente da inadimplência) aumentou no primeiro semestre de 2015 em patamares mais elevados dos que os ocorridos nos primeiros semestres dos anos anteriores, conforme apontou o REF.

"Tradicionalmente, a pré-inadimplência aumenta no primeiro trimestre e recua no segundo. Neste ano, no entanto, não mostra sinais de recuo, tendo havido aumento atípico em junho. Esse movimento aponta para provável continuidade de pressão para aumento da inadimplência durante o segundo semestre", previu a instituição.

A pré-inadimplência é calculada pelo quociente entre o saldo total de operações de crédito que apresentam parcelas vencidas entre 15 e 90 dias e o saldo total da carteira de crédito.

A cobertura da inadimplência por provisões continua satisfatória, segundo o BC. O Índice de Cobertura da Inadimplência (ICI) mostra que a provisão é aproximadamente 70% maior do que a inadimplência, tanto nos bancos públicos quanto nos privados.

"A avaliação da suficiência da cobertura da inadimplência por provisões permanece, como no semestre anterior, sendo corroborada por outras métricas, como a relação entre as provisões constituídas e os créditos baixados para prejuízo nos 12 meses seguintes, ou, especialmente, pela manutenção da proporção entre as provisões constituídas e o total da carteira que apresenta maior risco, composta pelas operações de crédito classificadas nos níveis de E a H", citou a instituição.

A análise da dispersão do ICI por instituição financeira evidencia, de acordo com o BC, que a ampla maioria das instituições continua a apresentar provisões no mínimo 30% superiores à inadimplência.

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