Economia

Siderúrgicas aproveitam alta do dólar para aumentar preços

A valorização de 10,1 por cento do dólar contra o real entre abril e junho tem sido usada como argumento pelas usinas para promoverem os reajustes

Aciaria da Gerdau:  os reajustes acontecem depois que a Gerdau comunicou aumento de 9% (Divulgação/Gerdau)

Aciaria da Gerdau: os reajustes acontecem depois que a Gerdau comunicou aumento de 9% (Divulgação/Gerdau)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2012 às 19h19.

São Paulo - A valorização do dólar no segundo trimestre incentivou produtores de aços planos e longos do Brasil a reajustar seus preços entre o final de junho e início deste mês, disseram distribuidores à Reuters nesta quarta-feira.

Segundo eles, a valorização de 10,1 por cento do dólar contra o real entre abril e junho tem sido usada como argumento pelas usinas para promoverem os reajustes, em alguns casos os primeiros em vários meses.

Os anúncios estão sendo comunicados apesar de um quadro de fraqueza da economia doméstica que tem tornado difícil a tarefa de repasse de preços aos clientes finais da indústria e da construção civil num cenário de fraqueza da economia, afirmam os distribuidores.

Na terça-feira, duas fontes com conhecimento do assunto afirmaram à Reuters que a Usiminas está comunicando aumento de preços de 5 a 7 por cento a partir desta semana.

A empresa não comentou o assunto. Mas as ações da maior produtora de aços planos do país, que tenta recuperar suas margens ante resultados fracos nos últimos trimestres, dispararam na terça-feira e voltavam a subir nesta quarta-feira. Às 16h48, as ações preferenciais da Usiminas ganhavam 3,99 por cento e as ordinárias, 1,98 por cento.

A representante de um distribuidor de aços planos em São Paulo afirmou à Reuters sob condição de anonimato que após o reajuste da Usiminas, a CSN já teria indicado que aumentará seus preços a partir da semana que vem. A expectativa seria de índices semelhantes aos aplicados pela Usiminas.


"As distribuidoras acabaram correndo para antecipar compras porque quando uma faz reajuste as outras siderúrgicas acompanham", disse ela.

Em Minas Gerais, outro grande distribuidor citou a mesma expectativa sobre a CSN e acrescentou que a ArcelorMittal vai aumentar seus preços em até 8,5 por cento para o segmento de aços planos a partir de 6 de julho. O reajuste vai se seguir ao aumento dos preços no segmento de aços longos pelo mesmo índice, promovido pela empresa em meados de junho.

Os reajustes acontecem depois que a Gerdau comunicou distribuidoras de aços longos no início de junho sobre aumentos de preços entre 8 e 9 por cento. Na prática, os reajustes estão incidindo a partir desta semana, disseram dois distribuidores no Estado de São Paulo.

"Eles (Gerdau) reajustaram a tabela inteira... A gente está tentando repassar aos clientes. Só agora em julho é que está dando para fazer isso", disse um dos distribuidores. Um outro afirmou que o reajuste dos aços longos da Gerdau no início de junho é o primeiro em 2012, já que o aumento realizado em abril "zerou descontos que tinham sido dados no ano passado".

Procuradas, Gerdau, CSN e ArcelorMittal preferiram não comentar o assunto. As ações da CSN exibiam alta de 3,53 por cento, enquanto a Gerdau mostrava queda de 0,23 por cento.

Segundo relatório desta quarta-feira da corretora Ativa, os reajustes são "potencialmente positivos para Usiminas e CSN".

"O movimento de valorização do dólar frente ao real pode ter reduzido o ímpeto das importações no setor, possibilitando algum aumento, mas a margem de manobra é bastante reduzida, em função, principalmente, do excesso de oferta e da fraca recuperação da atividade industrial no país", afirmou a equipe de análise da Ativa. (Edição de Cesar Bianconi)

Acompanhe tudo sobre:CâmbioIndústriaPreçosVendas

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor