Setor financeiro britânico terá impacto mesmo com acordo, diz UE
Empresas financeiras em Londres perderão seu “passaporte” para fazer negócios em toda a UE a partir de 2021, quando o período de transição terminar
Fabiane Stefano
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 15h02.
Qualquer acordo do Brexit não será de grande ajuda para a City of London, alertou a principal autoridade da União Europeia para serviços financeiros, dizendo que o setor deve esperar “mudanças significativas” no próximo ano. Comissária da UE para serviços financeiros, Mairead McGuinness disse na segunda-feira que o Reino Unido “nunca terá os mesmos direitos e benefícios” que tinha como membro do bloco.
“O fim do período de transição levará a mudanças significativas, e isso acontecerá se houver acordo ou mesmo se não houver acordo nas próximas horas”, disse McGuinness durante conferência virtual realizada pela AFG, a associação francesa de gestoras de ativos.
Com as negociações do Brexit na reta final, a indústria financeira se prepara para uma ruptura histórica nos mercados europeus. Os maiores bancos de Wall Street, incluindo JPMorgan Chase e Goldman Sachs, que há muito tempo utilizam Londres como base na Europa, estão em processo de transferir centenas de bilhões de euros em ativos e centenas de funcionários para a UE.
Empresas financeiras em Londres perderão seu “passaporte” para fazer negócios facilmente em toda a UE a partir de 2021, quando o período de transição terminar. Essas empresas dependerão de um processo da UE conhecido como equivalência, no qual Bruxelas decide quando as regras de outro país são rigorosas o suficiente para permitir negócios no bloco.
Até agora, a UE ofereceu equivalência ao Reino Unido para a maioria dos tipos de negócios financeiros, permitindo que as empresas se preparassem para movimentar volumes significativos de negociação de ações e derivativos para fora de Londres.
A comissária também disse que a saída do Reino Unido “torna ainda mais urgente que a União Europeia desenvolva seu próprio mercado de capitais no qual possa se apoiar”.