Economia

Setor financeiro britânico terá impacto mesmo com acordo, diz UE

Empresas financeiras em Londres perderão seu “passaporte” para fazer negócios em toda a UE a partir de 2021, quando o período de transição terminar

Brexit: desembarque da União Europeia paralisa Reino Unido desde 2016 (Henry Nicholls/Reuters)

Brexit: desembarque da União Europeia paralisa Reino Unido desde 2016 (Henry Nicholls/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 15h02.

Qualquer acordo do Brexit não será de grande ajuda para a City of London, alertou a principal autoridade da União Europeia para serviços financeiros, dizendo que o setor deve esperar “mudanças significativas” no próximo ano. Comissária da UE para serviços financeiros, Mairead McGuinness disse na segunda-feira que o Reino Unido “nunca terá os mesmos direitos e benefícios” que tinha como membro do bloco.

“O fim do período de transição levará a mudanças significativas, e isso acontecerá se houver acordo ou mesmo se não houver acordo nas próximas horas”, disse McGuinness durante conferência virtual realizada pela AFG, a associação francesa de gestoras de ativos.

Com as negociações do Brexit na reta final, a indústria financeira se prepara para uma ruptura histórica nos mercados europeus. Os maiores bancos de Wall Street, incluindo JPMorgan Chase e Goldman Sachs, que há muito tempo utilizam Londres como base na Europa, estão em processo de transferir centenas de bilhões de euros em ativos e centenas de funcionários para a UE.

Empresas financeiras em Londres perderão seu “passaporte” para fazer negócios facilmente em toda a UE a partir de 2021, quando o período de transição terminar. Essas empresas dependerão de um processo da UE conhecido como equivalência, no qual Bruxelas decide quando as regras de outro país são rigorosas o suficiente para permitir negócios no bloco.

Até agora, a UE ofereceu equivalência ao Reino Unido para a maioria dos tipos de negócios financeiros, permitindo que as empresas se preparassem para movimentar volumes significativos de negociação de ações e derivativos para fora de Londres.

“Por nossas futuras relações com o Reino Unido, queremos e esperamos permanecer abertos. Mas também precisamos regular, supervisionar e gerenciar nossos próprios riscos e nossa própria estabilidade financeira. Isso não é possível se houver dependência de um terceiro país. Complementaridade com a City of London, com certeza; dependência, não.

Mayread McGuinness, comissária da UE para serviços financeiros

A comissária também disse que a saída do Reino Unido “torna ainda mais urgente que a União Europeia desenvolva seu próprio mercado de capitais no qual possa se apoiar”.

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