Economia

Setor automotivo deve melhorar em alguns meses, diz Anfavea

“A gente acredita que outubro vai ser um mês forte de produção. Vai ter um crescimento de vendas também”, disse o presidente da entidade, Antonio Megale


	Trabalho na indústria: em setembro, foram fabricados 170 mil veículos, queda de 2,2% na comparação com mês do ano passado
 (iStock/Thinkstock)

Trabalho na indústria: em setembro, foram fabricados 170 mil veículos, queda de 2,2% na comparação com mês do ano passado (iStock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2016 às 17h46.

Após acumular sucessivas quedas, o setor automotivo deve começar a a se recuperar nos próximos meses, avalia a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“A gente acredita que outubro vai ser um mês forte de produção. Vai ter um crescimento de vendas também”, disse hoje (6) o presidente da entidade, Antonio Megale, ao apresentar o balanço de produção e vendas das montadoras. “A gente acredita que a produção nos próximos meses vai estar na ordem de 200 mil unidades”, acrescentou.

Em setembro, foram fabricados 170 mil veículos, queda de 2,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado dos primeiros três trimestres do ano, a retração chega a 18,5%, com a produção de 1,55 milhão de veículos.

As vendas de veículos novos caíram 27,4% em 12 meses, entre outubro de 2015 e setembro passado, em comparação com o mesmo período anterior. Foram emplacados 2,12 milhões de unidades no período, contra 2,93 milhões de outubro de 2014 a setembro de 2015. As vendas de veículos importados representaram 13,9% do total deste período.

Emprego

Apesar dos números ruins, Megale disse que muitas empresas estão retomando a produção após terem reduzido o quadro de funcionários ou aderido ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

“Algumas estão deixando de usar o PPE, ou porque fizeram um ajuste, através de programa voluntário, e ajustaram a sua estrutura ao nível de produção que elas preveem; e outras estão precisando produzir mais. Então elas estão saindo do regime (do PPE), porque impede inclusive a questão de hora extra”, ressaltou.

A indústria automotiva registrou em setembro 124,6 mil empregados, 6,7% menos do que no mesmo mês no ano passado. Em comparação com agosto, foram fechados 136 mil postos de trabalho (queda de 1,1%). Em 12 meses, a perda chega a 8,97 mil empregados no setor.

Parte da queda nas vendas em setembro – 13% em relação a agosto – está ligada, segundo Megale, à greve dos bancários, que já dura mais de um mês. “Ela [a greve] de certa forma interfere, porque a obtenção de um financiamento, o fechamento de um contrato ou um parcelamento acabam tendo dificuldades. A gente observou que a greve dos bancos, especialmente oficiais, atrapalhou”, avaliou o presidente da Anfavea.

Medidas econômicas

Para os próximos meses, Megale acredita que a indústria deva acompanhar a melhora geral do cenário econômico, impulsionado pelas medidas de ajuste propostas pelo governo federal.

“A gente tem visto outros sinais. Há uma sinalização do Banco Central para começo de queda da taxa de juros, que é outro fator positivo. À medida que a taxa de juros começar a cair, que as medidas econômicas forem adotadas, que formos dando sinais para o mundo que a economia está de volta aos trilhos, volta a confiança do investidor”, ponderou.

Megale defendeu a adoção do limite de gastos públicos, previsto na proposta de emenda à Constituição (PEC) 241, que pode ser votada na semana que vem. “A gente entende que seria fundamental que esse primeiro sinal fosse dado.”

Máquinas agrícolas

O setor de máquinas agrícolas tem apresentado resultados melhores do que do restante da indústria automotiva. Em setembro, as vendas registraram alta de 6,1% em relação a agosto, com a comercialização de 4,8 mil unidades.

Em comparação com setembro de 2015, o aumento é de 22,2%. Porém, no acumulado do ano, foi registrada queda de 17,4%. Nos primeiros três trimestres deste ano, foram vendidas 30,4 mil máquinas, contra 36,8 ml unidades do ano passado.

Megale alertou, entretanto, para a possibilidade de que a falta de recursos para financiamento se torne um gargalo para o setor.

“O que acontece é que essas máquinas, normalmente, são vendidas através de alguns programas de financiamento do governo, principalmente o Moderfrota. Os recursos que o governo disponibilizou para o Moderfrota, na nossa conta, não vai atender até o final do Plano Safra”, disse, referindo-se ao Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras.

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