Agropecuária: os dirigentes culparam o governo e suas políticas pela eliminação de 60 mil postos de trabalho no setor durante a última década (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2013 às 16h32.
Buenos Aires - O setor agropecuário argentino iniciou neste sábado uma greve comercial de cinco dias em protesto contra as políticas do governo e recusa da presidente Cristina Kirchner em receber os dirigentes agrários para escutar suas reivindicações.
"O governo exibe (uma colheita de) 100 milhões de toneladas de como se fosse um lucro próprio, enquanto nós podemos dizer que há 100 milhões de toneladas mesmo com este governo", afirmou hoje o presidente da Federação Agrária Argentina (FAA), Eduardo Buzzi.
Buzzi protagonizou uma concentração de produtores realizada nesta tarde na estrada que liga a cidade de Rosário a Buenos Aires e voltou a pedir a presidente atender as exigências do setor.
"Complicaram tanto as coisas que não há uma só medida capaz de resolver todos os problemas. O que é preciso é reconhecer que há problemas e isso é o que esse governo não faz", lamentou Buzzi.
O presidente da FAA esclareceu que a cessação de comercialização de grãos e de gado não chegará a provocar um desabastecimento, já que, em sua opinião, "o objetivo (da greve) é colocar o problema agropecuário na agenda pública, mas sem causar impacto na vida das pessoas".
O líder agrário advertiu que o interior do país vive uma estagnação econômica que em breve também será refletida nas grandes cidades.
A medida de força iniciada hoje foi lançada pelas quatro maiores patronais agrárias do país, que, em conjunto, representam cerca de 290 mil agricultores e criadores de gado do país.
A greve comercial afetará todos os produtos agropecuários, com a exceção dos perecíveis, enquanto seus efeitos, mesmo com apenas cinco dias de paralisação, serão sentidos por mais tempo, já que próxima na quinta e sexta-feira a Argentina viverá um feriado.
As entidades agrárias se queixam da "tremenda" brecha que existe entre a "miséria" cobrada pelos agricultores e o alto preço pego pela população nas gôndolas dos supermercados.
Segundo essa FAA, essa brecha vai de 300% a 1.200% em produtos de primeira necessidade, como o açúcar, erva, frutas, arroz, lácteos, carnes em geral, verduras, cítricos e farinha, entre outros.
Os dirigentes culparam o governo e suas políticas pela eliminação de 60 mil postos de trabalho no setor durante a última década. Neste contexto, reivindicam a normalização do comércio de grãos, a eliminação das permissões de exportação e a redução da pressão impositiva sobre o campo, entre outras medidas.