Serviços recuam 11,7% em abril sob efeito da covid-19
No ano, o setor acumula uma perda de 18,7%, ou seja, 27% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2014
Ligia Tuon
Publicado em 17 de junho de 2020 às 09h19.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 15h56.
Os efeitos da pandemia do coronavírus fizeram o setor de serviços do Brasil recuar 11,7% em abril na comparação com março, na contração mais intensa da série histórica iniciada em 2011, revela a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quarta-feira, 17 pelo IBGE.
Em março, que teve apenas os últimos dez dias afetados com o fechamento do comércio não essencial, o setor caiu 6,9% ante o mês anterior. Já abril pega 30 dias de paralisação. Em relação a abril de 2019, o recuo foi de 17,1%, o segundo seguido nessa comparação e também o mais intenso da série histórica.
Os serviços, que começava a sofrer com a redução da demanda em fevereiro, tiveram seu terceiro recuo mensal consecutivo e, no ano, acumulam uma perda de 18,7%.
O patamar atual é 27% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2014.
O impacto da crise no setor em abril foi levemente pior do esperado pelo mercado, cuja expectativa ficava em torno de uma queda de 10%. Para a Exame Research , "a reabertura de alguns segmentos em maio e junho deve imprimir resultados mehores para o fim do trimestre", disse a casa de análise em relatório.
O setor de serviços é o que tem maior impacto no Produto Interno Bruto (PIB), cuja previsão do mercado medida pelo Boletim Focus já passa de queda de 6%.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, os dados confirmam suas expectativas de contração de 9% da economia no segundo trimestre em relação ao primeiro. A eles são somados os dados de desempenho do varejo, divulgados ontem, com queda de 16,8% nas vendas em abril, e os da indústria, que também vieram com recordes negativos.
Setores e regiões
Todas as cinco atividades investigadas na PMC tiveram quedas recordes no mês de abril. As maiores foram para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-17,8%) e serviços prestados às famílias (-44,1%). Juntos, os dois setores acumulam quedas de 24,9% e 61,6% em março e abril, quando foram intensificadas as políticas de distanciamento social contra a disseminação da covid-19.
A contração dos serviços aconteceu em 26 das 27 unidades da federação, segundo a pesquisa, com destaque para as perdas de São Paulo (-11,6%) e Rio de Janeiro (-12,7%), que sofreram mais com as perdas dos segmentos de alojamento e alimentação.
A exceção foi Mato Grosso, onde o transporte ferroviário de cargas voltou a crescer em abril em função do escoamento da produção de grãos. A alta de 9%, no entanto, não recupera a perda de 12,6% observada em março, destaca o IBGE.