Economia

Sem poupança doméstica, não há retomada

A "segunda fase" do governo Lula - a que irá, segundo o presidente, iniciar a retomada do crescimento sustentado da economia - começa com o aumento da poupança doméstica

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a falar em "segunda fase" de governo. Cansado de ser comparado com seu antecessor, Lula estaria ansioso para começar a trabalhar na retomada do crescimento da economia do país - e impôs à sua equipe a meta de 3,5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004. O primeiro passo para o início da "virada" será o aumento da poupança interna. Uma escolha que, segundo alguns economistas, não poderia ser mais acertada - ainda mais se a reforma da Previdência for aprovado no Congresso.

A retomada do crescimento sustentado passa necessariamente pelo aumento da poupança doméstica. De acordo com um relatório do BBV Banco, o nível de investimento atual do país não é suficiente para gerar um crescimento superior a 2,5%. A taxa anual está em 18,7% (em relação ao PIB) e é inferior à de outros países emergentes, como México, Chile e Índia.

De acordo com o relatório, "os caminhos para um crescimento sustentado próximo à da taxa do PIB potencial, de 4,5%, passam pelo aumento da taxa de investimento para cerca de 24% do PIB. Para isso, deve-se focar o aumento da poupança doméstica, pública e privada."

O crescimento da economia brasileira está em desaceleração no longo prazo. Entre as décadas de 1950 e 1980, a taxa média de crescimento foi de 6,3% ao ano. Desde o início dos anos 90, essa média caiu para 2%.

Para os economistas do BBV Banco, a reforma da Previdência será chave para se conseguir o aumento da poupança pública. "Vale lembrar que enquanto o déficit previdenciário dos servidores do setor privado atingiu 1,3% do PIB em 2002, o déficit dos servidores públicos foi de 4,2% do PIB, valor próximo a todo esforço fiscal primário do governo no ano passado", dizem no relatório. Isso dá uma idéia do benefício que a eliminação dos desequilíbrios previdenciários pode proporcionar ao crescimento econômico.

Quanto à poupança privada, os economistas acreditam que o governo deve se preocupar em conter a "propensão ao consumo" da sociedade - uma tarefa nada trivial se forem levados em conta à demanda reprimida e a baixa renda da população. O relatório do banco sugere ações contínuas e focadas nas camadas sociais menos carentes. Entre as possibilidades, é citado o estímulo aos fundos de pensão complementares. "É importante que o aumento do teto das aposentadorias não inviabilize o regime complementar", diz o relatório. Como o próprio governo já afirmou, a elevação do teto para 20 salários mínimos contemplaria a renda de 95% da população brasileira - o que não estimula a poupança privada.

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