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Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Campos Neto citou estimativas que apontam um acréscimo de três pontos percentuais na inflação americana caso as deportações ocorram

presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. (Pedro França/Agência Senado/Flickr)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de novembro de 2024 às 15h12.

Última atualização em 19 de novembro de 2024 às 15h13.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto , afirmou nesta terça-feira, 19, que, caso o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, implemente seu plano de deportação em massa, a inflação norte-americana poderá ficar fora de controle.

"Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, a inflação pode explodir nos Estados Unidos", disse o chefe da autoridade monetária.

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Durante a campanha, Trump prometeu realizar a maior deportação de imigrantes ilegais da história do país. Na segunda-feira, o republicano afirmou em uma rede social que planeja decretar emergência nacional e utilizar os militares para executar o programa.

Campos Neto citou estimativas que apontam um acréscimo detrês pontos percentuais na inflação americanacaso as deportações ocorram. Sobre o cenário fiscal dos EUA, ele avaliou que, com Trump, a tendência é de que a dívida do país, já elevada, continue a crescer.

Nesse contexto, Campos Neto destacou as incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos. Ele enfatizou que há dúvidas quanto à próxima decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, marcada para dezembro.

"O mercado inicialmente achou que viriam quedas sequenciais de 0,25 ponto percentual. Hoje, já existe uma dúvida. Temos uma reunião em dezembro que traz uma certa incerteza sobre o que será decidido. O espaço para novos cortes de juros nos EUA passou a ser um questionamento mais recente", disse.

Na última reunião, realizada no início de novembro, o Fed reduziu os juros em 0,25 ponto, para o intervalo de4,50% a 4,75%.

Campos Neto também observou que, ao contrário do período anterior à pandemia, o mundo atualmente enfrenta um ambiente de juros mais altos, o que eleva o custo da dívida globalmente. "Passamos de uma taxa média de 0% para 3,2% ou 3,3%."

Corte de gastos e impacto na inflação

Campos Neto afirmou que o anúncio de cortes de gastos, esperado para os próximos dias, pode terum impacto positivo no cenário fiscal e inflacionáriono Brasil. Ele destacou a “grande expectativa” sobre o pacote fiscal e criticou a percepção negativa em torno do tema.

"Não são só os economistas da Faria Lima que têm percepção de piora, mas também os economistas do mundo real", disse.

O presidente do BC afirmou que é "difícil" reduzir os juros sem disciplina fiscal e reforçou a necessidade de um "choque positivo" para melhorar as expectativas econômicas.

"Quando a expectativa para o fiscal melhora, a expectativa para a inflação melhora também. Precisamos de algum tipo de choque positivo para que os agentes econômicos percebam que a dívida vai se equilibrar em algum momento", completou.

Críticas ao fim da escala 6x1

Ao comentar o crescimento econômico do Brasil, Campos Neto voltou a criticar o projeto que propõe o fim da escala 6x1, que permite uma folga a cada seis dias de trabalho. Ele afirmou que a medida"vai na contramão" das relações de trabalho modernas.

"Voltar atrás nisso não será bom para os empregados. Não estou falando das empresas, mas dos empregados. Você aumenta o custo da mão de obra, reduz a produtividade e, com certeza, vai aumentar a informalidade", afirmou.

Essa foi a terceira vez, em menos de uma semana, que o presidente do BC criticou a proposta, que também prevêa redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais.

Com informações da Agência o Globo.

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