Economia

Se dados continuarem mais fortes, certamente Fed poderá elevar juros, diz Powell

Powell afirmou que a política ainda não está "suficientemente restritiva", mas que as condições financeiras estão mais alinhadas após o payroll (dado de emprego) de janeiro

Powell: o presidente do Federal Reserve disse que espera que 2023 seja um ano de "quedas significativas" na inflação (Drew Angerer/Getty Images)

Powell: o presidente do Federal Reserve disse que espera que 2023 seja um ano de "quedas significativas" na inflação (Drew Angerer/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 16h59.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que caso a economia dos Estados Unidos continue dando sinais fortes, a autoridade terá de seguir elevando as taxas de juros no país. "Se os dados continuarem a chegar mais fortes do que esperamos, e concluirmos que precisamos aumentar as taxas mais do que é cotados no mercado... então, certamente faríamos isso, certamente poderíamos aumentar mais as taxas", afirmou Powell, durante evento promovido pelo Clube Econômico de Washington, nesta terça-feira.

Ele reforçou a mensagem após a reunião de política monetária da semana passada, quando o Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) antecipou que aumentos contínuos das taxas seriam apropriados.

Powell afirmou que a política ainda não está "suficientemente restritiva", mas que as condições financeiras estão mais alinhadas após o payroll (dado de emprego) de janeiro.

"Estamos tentando alcançar uma postura de política que seja suficientemente restritiva, para reduzir a inflação para 2%... E achamos que ainda não conseguimos isso. E agora tivemos o relatório do mercado de trabalho (de janeiro) e acho, que as condições financeiras estão muito mais alinhadas do que antes", avaliou o dirigente.

Perspectivas para a inflação

O presidente do Federal Reserve disse que espera que 2023 seja um ano de "quedas significativas" na inflação. Segundo ele, a autoridade monetária tem todas as ferramentas e está as usando para baixar o custo de vida nos Estados Unidos para a meta de 2% ao ano, a despeito de fatores domésticos e globais.

"Digamos que estamos usando nossas ferramentas para chegar lá ao longo do tempo. Esperamos que 2023 seja um ano de quedas significativas na inflação e, na verdade, é nosso trabalho garantir que esse seja o caso", afirmou Powell.

Segundo ele, considerando os atuais níveis de inflação nos EUA, a meta não será alcançada em 2023, e possivelmente nem no próximo ano. "Meu palpite é que certamente levará não apenas este ano, mas o próximo ano para a inflação cair perto de 2%", disse.

Atividade e emprego

O presidente do Federal Reserve disse que o mercado de trabalho nos Estados Unidos está "extraordinariamente forte", com a demanda de trabalhadores superando a oferta. Segundo ele, o relatório de emprego de janeiro, o chamado payroll, veio "muito forte", "mais forte do que qualquer um esperava", e contribuiu para apertar "significativamente" as condições financeiras dos mercados.

"Não esperávamos que fosse tão forte, mas eu diria que mostra por que pensamos que este redução da inflação será um processo que leva um período significativo", disse o presidente do BC dos EUA.

Powell reafirmou que a inflação nos EUA começou a cair sem ser à custa do mercado de trabalho no país, mas que há desinflação em setores como o de serviços, mas não chegou ainda no segmento de habitação, o que é esperado para o segundo semestre deste ano. "São os estágios iniciais da desinflação", reforçou, acrescentando que esse processo ainda levará algum tempo e que trará impactos negativos. "E, então, achamos que precisaremos fazer mais aumentos de taxas, como dissemos, e achamos que precisaremos manter a política em um nível restritivo por um período de tempo", disse Powell.

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