Economia

Sauditas adotam visão altista e querem petróleo a até US$100, dizem fontes

Maior exportador global de petróleo não deverá buscar mudanças no acordo liderado pela Opep para conter a produção

Opep: produtores começaram a reduzir a oferta em janeiro de 2017 para tentar acabar com um excesso de produção (Leonhard Foeger/Reuters)

Opep: produtores começaram a reduzir a oferta em janeiro de 2017 para tentar acabar com um excesso de produção (Leonhard Foeger/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de abril de 2018 às 10h47.

Dubai/Londres - A Arábia Saudita, maior exportador global de petróleo, ficaria feliz em ver os preços da commodity subirem para 80 dólares, ou mesmo 100 dólares o barril, disseram três fontes do setor, em um sinal de que o reino não deverá buscar mudanças no acordo liderado pela Opep para conter a produção mesmo que a meta original do grupo esteja próxima de ser alcançada.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e diversos outros produtores começaram a reduzir a oferta em janeiro de 2017 para tentar acabar com um excesso de produção. Eles renovaram o pacto para até dezembro de 2018 e um encontro em junho está marcado para uma eventual revisão dessa política.

A Opep está chegando perto do objetivo original do pacto, que era reduzir os estoques de petróleo dos países industrializados para sua média de cinco anos. Mas não há indicação ainda de que a Arábia Saudita ou seus aliados queiram acabar com os cortes.

Ao longo do ano passado, a Arábia Saudita surgiu como o principal apoiador das medidas da Opep para impulsionar os preços, em uma mudança ante sua postura mais moderada em anos anteriores. O Irã, antes um membro altista da Opep em relação aos preços, agora quer cotações menores que os sauditas.

Fontes da indústria ligaram essa mudança na visão saudita a seu desejo de apoiar a valorização de sua estatal de petróleo Aramco em meio a planos do reino de vender uma fatia minoritária na companhia por meio de uma oferta inicial de ações.

Os cortes de oferta da Opep ajudaram a impulsionar os preços do petróleo neste ano para 73 dólares o barril, maior nível desde novembro de 2014. O petróleo, antes acima dos 100 dólares, um preço que os sauditas apoiavam em 2012, começou a cair em meados de 2014, em meio a uma crescente oferta de fontes rivais do cartel, como os EUA, que inundou o mercado.

Mas os sauditas querem que a alta das cotações vá ainda mais longe. Duas fontes disseram que o desejo é por preços de 80 dólares, ou até 100 dólares, o que teria sido ventilado por autoridades sauditas em encontros fechados nas últimas semanas.

"Chegamos a um ciclo completo. Eu não ficaria surpreso se a Arábia Saudita quisesse um petróleo a 100 dólares até que esse IPO esteja fora do caminho", disse uma fonte de alto nível da indústria sobre a mudança de pensamento saudita.

"A Arábia Saudita quer preços mais altos para o petróleo, sim, provavelmente para o IPO, mas não é só isso", adicionou uma fonte da Opep.

Uma vez que a venda da fatia na Aramco aconteça, Riad poderia continuar querendo preços mais altos para ajudar a financiar iniciativas como o plano de reforma econômica Visão 2030, patrocinado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

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