Economia

A liberação do FGTS vai ter impacto real nas perspectivas de crescimento?

Liberação de R$ 42 bilhões foi anunciada pelo governo federal para tentar aquecer a economia e aumentar as vendas do comércio

Semana do Brasil: dinheiro do fundo pode movimentar o último dia da Black Friday do governo, criada para movimentar o comércio em celebração à independência do Brasil  (Leonardo Benassatto/Reuters)

Semana do Brasil: dinheiro do fundo pode movimentar o último dia da Black Friday do governo, criada para movimentar o comércio em celebração à independência do Brasil (Leonardo Benassatto/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2019 às 04h39.

Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 06h39.

São Paulo — Começa nesta sexta-feira 13 o saque de 500 reais das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Hoje, os correntistas da Caixa Econômica Federal receberão os valores em conta, seguindo o calendário de recebimento. Quem nasceu em janeiro, fevereiro, março e abril recebe primeiro. Os próximos a ter acesso ao saque serão os nascidos em maio, junho, julho e agosto, no dia 27 deste mês. Em seguida, no dia 9 de outubro, recebem os nascidos em setembro, outubro, novembro e dezembro.

Para suprir a demanda dos primeiros dias de liberação, as agências da Caixa irão ampliar o horário de atendimento nesta sexta-feira 13, na segunda 16 e na terça 17. Assim, as agências que abrem às 10h terão abertura antecipada para às 8 horas da manhã. Já as que abrem às 11h abrirão às 9h. No sábado, excepcionalmente, elas ficarão abertas das 9h às 15h. Segundo a Caixa, cerca de 33 milhões de trabalhadores receberão o crédito automático na conta poupança. Os clientes que não quiserem o dinheiro têm até 30 de abril de 2020 para informar a decisão ao banco.

A medida, que prevê a liberação de 42 bilhões, foi anunciada pelo governo federal no dia 27 de julho para tentar aquecer a economia e aumentar as vendas do comércio. Na prática, analistas acreditam que a medida não trará o efeito econômico que teve a liberação de fundo de 2017, feita pela gestão de Michel Temer. Sergio Vale, economista da MB Associados e colunista de EXAME, afirma que boa parte do dinheiro deverá ser usada pelos brasileiros para pagamento de dívida e não para novas compras. “O efeito esperado é tão pequeno que o governo nem reviu de forma relevante a expectativa de crescimento este ano”.

Coincidência ou não, o primeiro dia do saque acontece no último dia da “Semana do Brasil, criada pelo governo federal para ser período de descontos em em celebração à independência do país, no dia 7 de setembro — uma espécie de Black Friday verde e amarela.

Se alguns brasileiros decidirem usar os 500 reais do FGTS para realizar compras nos mais de 3.000 estabelecimentos com desconto, ajudariam a engordar os resultados da Semana do Brasil. Segundo a empresa de inteligência de mercado Compre & Confie, os quatro primeiros dias da “Black Friday do governo” mostram alguns resultados preliminares positivos para o comércio eletrônico, mas não chegam perto da Black Friday, que movimentou 2,9 bilhões de reais no comércio eletrônico em 2018.

Entre sexta-feira 6 e terça-feira 10, o faturamento do e-commerce brasileiro foi de 1,1 bilhão de reais, 37,6% maior do que no mesmo período de 2018. O levantamento, feito a pedido de EXAME, tem registro de mais de 80% dos pedidos feitos pela internet no Brasil. Descontados fatores como o crescimento já previsto para o varejo sem a ação e o feriado prolongado no ano passado, a empresa calcula que o crescimento real do faturamento do e-commerce na Semana do Brasil foi de 8% a 10%.

Ainda que o FGTS não tenha impacto real nas perspectivas de crescimento econômico brasileiro, talvez ele termine por ajudar o governo federal a consolidar sua jogada de marketing nacionalista.

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