São Paulo: 7 de cada 10 pessoas enfrentam queda na renda com pandemia
Dois terços dos paulistanos entrevistados discordam de veto de Bolsonaro à vacina chinesa
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de novembro de 2020 às 17h05.
Sete em cada dez paulistanos relatam ter sofrido perda de renda em meio à pandemia de covid-19, segundo a mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo. O levantamento revela um cenário de acirramento da desigualdade social: a população mais pobre e menos escolarizada foi a mais atingida pela redução de poder aquisitivo.
O Ibope fez a seguinte pergunta aos entrevistados: “Qual dessas situações melhor representa o impacto da pandemia do coronavírus e do isolamento social na sua renda familiar nos últimos seis meses?” A opção “a renda familiar diminuiu muito” foi escolhida por 38%, e outros 11% relataram ter perdido completamente suas fontes de recursos. Ou seja, quase metade da população indica que o impacto foi muito significativo.
Uma parcela de 22% relatou perda pequena de receitas, e um contingente equivalente afirmou que a renda permaneceu igual. Apenas 6% da população apontou melhora de sua situação financeira.
A segmentação dos resultados segundo a renda dos entrevistados mostra que, na metade mais pobre da cidade, com renda de até dois salários mínimos, nada menos que 80% declararam perdas econômicas. Esse porcentual cai para 60% entre aqueles com renda superior a dois salários mínimos.
Há outras evidências de que os mais vulneráveis da pirâmide social são os que mais sofrem o impacto da pandemia. Entre os eleitores menos escolarizados, que estudaram até o ensino fundamental, 14% disseram ter perdido toda a renda familiar. Essa taxa cai para 7% entre os formados na universidade. A mesma proporção se observa quando a segmentação do eleitorado é por raça: a taxa dos negros com perda total de renda (14%) é o dobro da observada entre os brancos (7%).
A terceira pesquisa da série Ibope/Estadão/TV Globo mostrou ainda que dois terços dos paulistanos discordam do veto do presidente Jair Bolsonaro à compra de uma vacina chinesa contra a covid-19. A maioria absoluta dos participantes da pesquisa (54%) disse discordar totalmente da postura do presidente. Outros 13% afirmaram “discordar em parte”.
A pesquisa foi realizada entre os dias 28 e 30 de outubro de 2020, com 1.204 eleitores. As entrevistas foram realizadas de forma presencial — por causa da pandemia de covid-19, a equipe do Ibope usou equipamentos para proteção da própria saúde e da dos entrevistados. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerada a margem de erro. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo SP-01331/2020.