secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, e de Desestatização e Privatização, Salim Mattar (Fernando Frazão /Agência Brasil e Cristiano Mariz / EXAME (Montagem Exame)/Exame)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2020 às 19h34.
Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 19h32.
O secretário especial de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e o de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão nesta terça-feira, 11, levando para seis o número de baixas da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, nas últimas semanas.
Nesta noite, o ministro confirmou a informação a jornalistas (veja vídeo abaixo) e disse que houve uma "debandada" da sua equipe: "Hoje houve uma demandada", disse.
Segundo ele, Salim deixa o governo porque está insatisfeito com o ritmo das privatizações no governo. "O establishment não deixa. Não avançamos nas privatizações com a mesma velocidade do que na Previdência", disse Guedes.
Já Ubel, teria pedido exoneração por discordar da estratégia do governo federal de deixar a reforma administrativa para o ano que vem.
Em julho, deixaram o governo o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes,, também pediu demissão, argumentando, em sua carta de renúncia, que o banco precisava de "renovação para enfrentar os momentos futuras de muitas inovações no sistema bancário".
Antes disso, o então secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, havia saído do cargo para assumir, em maio, a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics.
"O caso anterior não era uma debandada. O Mansueto ficou conosco um ano além do combinado, numa atitude generosa. O Caio tinha chegado um pouco depois, saiu um pouco antes também, e o Troyjo não saiu, está conosco", disse, acrescentando que Novaes, aos 75 anos, estava cansado, preferiu ficar perto dos netos e "não gostou dos ares de Brasília".
"A nossa reação à debandada que aconteceu hoje é acelerar as reformas, é mostrar que olha, nós vamos privatizar, nós vamos insistir nesse caminho, pelo menos nós vamos lutar, vamos destravar os investimentos, saneamento, cabotagem, gás natural, petróleo, nós vamos avançar", disse Guedes.
Sobre privatizações, ele citou como prioridades Eletrobras, Correios, PPSA (Pré-Sal Petróleo) e Docas de Santos.
Em nota divulgada nesta noite, o Ministério da Economia, anunciou oficialmente o pedido de exoneração de Mattar e Uebel e disse que os secretários agradeceram a oportunidade e a confiança que receberam de Guedes ao longo de todo o período em que estiveram na secretaria, além de reiterarem apoio "na execução de políticas públicas tão relevantes ao país".
Procurados pela EXAME, Salim e Uebel ainda não se manifestaram.
Há um ano e meio na atividade, a equipe econômica não conseguiu avançar na privatização de companhias grandes, como Eletrobras, Correios e Banco do Brasil, como desejava o ministro desde o início do mandato.
Dividido entre outras questões urgentes antes mesmo da crise do coronavírus, acabou não dando conta de avançar em todas essas frentes, ficando cada vez mais longe da já otimista meta trilionária remetida durante a campanha às privatizações por Guedes.
Resultado: até hoje, nenhuma estruturação do processo de venda dessas estatais saiu do papel.
Já a reforma administrativa, que viabilizaria mudanças no plano de carreira dos servidores, não sobreviveu à pressão do funcionalismo público, cuja influência é muito grande em Brasília.
As pautas lideradas por Mattar e Uebel são vistas como primordiais para a redução da máquina pública e a liberação de espaço no orçamento federal, que tem 94% dos recursos comprometidos com gastos obrigatórios.
Veja trecho da fala do ministro a jornalistas, na noite desta terça-feira: