Copom: para os analistas, esse processo está sendo "especialmente" intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos "não econômicos" (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 10h39.
Brasília - A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, 28, pelo Banco Central (BC), afirma que o ritmo de expansão da atividade doméstica em 2016 é inferior ao previsto anteriormente.
Na avaliação dos membros do colegiado, esse processo está sendo "especialmente" intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos "não econômicos", que é forma com o BC se refere à crise política e aos efeitos da operação Lava Jato que investiga corrupção na Petrobras.
A ata afirma que os indicadores disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam a se ajustar e que o investimento tem-se retraído, influenciado, principalmente, pela ocorrência desses eventos não econômicos.
"O consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda", diz a ata. O documento avaliou que o ritmo da atividade tende a se intensificar somente à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, depois de um período necessário de ajuste que foi mais intenso e mais longo do que antecipado.
"No médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso", afirma a ata.
Numa reavaliação do cenário externo, os membros do Copom retiraram a avaliação de que o cenário de maior crescimento global era mais favorável ao crescimento da economia brasileira.
Também foi retirada a avaliação de que os avanços na qualificação da mão de obra e ao programa de concessão ajudariam em ganhos de produtividade.
A ata repete, porém, a avaliação da necessidade de uma trajetória de superávit primário para fortalecer a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público.
Cenário externo
A ata do Copom teve especial atenção às incertezas em relação ao cenário externo que, além de terem sido o principal argumento pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano, também foram abordadas exaustivamente no documento.
O Copom, por exemplo, deixou de citar o "cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais" como um dos fatores que levam a um melhor resultado das exportações líquidas, mantendo apenas as menções à depreciação do real e ao processo de substituição de importações em curso.
Ao apresentar no fim da ata as incertezas associadas ao balanço de riscos, o Copom manteve a citação à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, bem como a avaliação de que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto.
Porém, seguindo o mesmo raciocínio, o colegiado incluiu no rol de incertezas o comportamento da economia mundial, além de considerar que as dúvidas quanto ao cenário externo se ampliaram.