Economia

Retorno em de Belo Monte é de até 4,5%, dizem analistas

Resultado do leião de transmissão teve lance agressivo por parte das vencedoras Eletrobras e a chinesa State Grid


	Torres de transmissão de energia: consórcio ofereceu um lance que representa um desconto de 38% em relação à receita anual máxima permitida na competição
 (Paulo Santos/Reuters)

Torres de transmissão de energia: consórcio ofereceu um lance que representa um desconto de 38% em relação à receita anual máxima permitida na competição (Paulo Santos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 16h03.

São Paulo - O resultado do leilão de transmissão de Belo Monte teve lance agressivo por parte das vencedoras Eletrobras e a chinesa State Grid e analistas calculam que a taxa de retorno para as empresas deverá ser de até 4,5 por cento, conforme escreveram em relatórios nesta sexta-feira.

O consórcio Interligação Elétrica Belo Monte formado por State Grid e as subsidiárias da Eletrobras Furnas e Eletronorte ofereceu um lance que representa um desconto de 38 por cento em relação à receita anual máxima permitida na competição. O grupo garantiu uma receita anual de 434,6 milhões de reais a partir do momento em que o sistema de transmissão entrar em operação.

Analistas do Credit Suisse liderados por Vinicius Canheu estimaram em relatório que o resultado do leilão implica em uma taxa de retorno real de 4,5 por cento para os vencedores. "De acordo com o nosso modelo, o capex teria que ser 30 por cento mais barato que os orçamentos originais para possibilitar uma taxa interna de retorno de 8,5 por cento (ainda baixa na nossa opinião", informaram em relatório.

O investimento estimado para o sistema de transmissão de Belo Monte licitado nesta sexta-feira é de até 5 bilhões de reais. Questionado sobre essa estimativa, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, chegou a sinalizar após o leilão que o valor poderia ser menor, próximo dos 4,5 bilhões.

Analistas do Citi liderados por Marcelo Britto também consideraram em relatório que a taxa de retorno real alavancada de Eletrobras e State Grid no investimento deve ser de cerca de 4,4 por cento, com valor presente líquido (VPL) negativo de 274 milhões de reais, com base na data de entrada em operação do empreendimento, em 46 meses, sem considerar atrasos ou superação do capex.

"Desde que os trabalhos de construção na hidrelétrica Belo Monte começaram, ocorreram várias paralisações temporárias motivadas por greves, protestos e ações de procuradores federais... Acreditamos que a construção da linha de transmissão irá enfrentar pressões similares nos frontes social e ambiental", escreveram os analistas, que mantêm a recomendação de venda para as ações da Eletrobras.

O lance vencedor foi muito mais agressivo que o das duas outras competidoras -- grupo formado por Taesa e Alupar, e a outra competidora Abengoa -- que ofereceram deságios de 4,93 por cento e 11,5 por cento, respectivamente.

O Credit Suisse calcula que a taxa de retorno da Taesa e Alupar teria sido de 11 por cento, considerando o lance oferecido.

A XP Investimentos, em comentário enviado a clientes, disse que o lance agressivo do consórcio vencedor deverá implicar em uma retorno menor que o Wacc (taxa de retorno sobre o capital) de 6,63 por cento estabelecido no edital do leilão de transmissão de Belo Monte.

O lance de Alupar e Taesa foi visto como um sinal positivo para essas empresas, segundo comentário enviado pelo analista da XP William Alves. "Consideramos positivo para Taesa e Alupar pois demonstra certa rigidez na alocação apropriada de capital, uma vez que as empresas ofereceram um bid conservador e com pequeno deságio (4,93 por cento) sobre a tarifa teto. Além disso, isso retira certo receio do mercado quanto à possível agressividade de ambas as empresas nesse leilão", disse.

Às 16h45, as ações preferenciais da Eletrobras tinham alta de 1,4 por cento, as da Taesa operavam estáveis e da Alupar subiam 1,35 por cento.

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