Economia

Resultados de empresas reforçam PIB fraco no Brasil

Primeiros resultados de companhias brasileiras no primeiro trimestre dão força à avaliação de que a economia do país começou o ano devagar


	Trabalhadores em unidade de produção da Usiminas: em vez de produzir mais aço, empresa resolveu vender mais energia para aproveitar os elevados preços da eletricidade
 (Kiko Ferrite/EXAME)

Trabalhadores em unidade de produção da Usiminas: em vez de produzir mais aço, empresa resolveu vender mais energia para aproveitar os elevados preços da eletricidade (Kiko Ferrite/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2014 às 15h53.

São Paulo - Os primeiros resultados de companhias brasileiras líderes de vários setores entre janeiro e março dão força à avaliação de que a economia do país começou o ano devagar, com empresas classificando a situação com adjetivos como "estranha" e "desafiadora".

Em vez de produzir mais aço, a Usiminas resolveu vender mais energia para aproveitar os elevados preços da eletricidade no curto prazo. O Bradesco teve fraca expansão do crédito e aumento da inadimplência futura.

Enquanto isso, a produtora de celulose Fibria manteve a produção de um ano atrás, enquanto construtoras seguiram desovando estoques de imóveis e a fabricante de cosméticos Natura citou ambiente "mais desafiador" e reiterou investimento menor neste ano.

Os dados saíram dias após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), mostrar forte desaceleração da economia brasileira em fevereiro, sinalizando um ano difícil. No mês, o índice avançou 0,24 por cento sobre janeiro depois de expansão de 2,35 por cento em janeiro.

"O primeiro trimestre de forma geral foi fraco. A indústria teve desempenho bastante limitado. Quando olhamos para o consumo ampliado, também foi bastante fraco em fevereiro e deve ter continuado fraco em março", disse Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências. "Não dá para ser muito otimista (...) Vemos corrosão de renda real, que mina o consumo e isso tem consequências na produção", disse Alessandra.

As indicações para o segundo trimestre não são positivas. A Usiminas, importante fornecedora das montadoras de veículos, espera queda de produção do setor, diante de anúncios de suspensão de contratos de trabalho. A Volkswagen, por exemplo, vai afastar mais de 1.000 funcionários de suas fábrica em São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Pinhais (PR) por até cinco meses.

"Está todo mundo apreensivo com a economia, vamos ter algo parecido com o ano passado", disse o presidente-executivo da companhia de logística JSL, Fernando Simões.

Outro dado que corrobora com a informação foi divulgado nesta semana pela comercializadora e gestora de energia Comerc, que apontou a primeira queda anual e mensal no consumo de energia elétrica da indústria atendida pela empresa, responsável pela gestão de 13 por cento da carga de eletricidade de consumidores livres do Brasil.


"O segundo trimestre deve continuar morno. Acreditamos que o segundo trimestre será melhor que o primeiro. No entanto, há dúvidas em relação à Copa do Mundo em junho, ninguém sabe a paralisação da economia que isso vai gerar em termos de feriados", disse Simões.

Com vários setores sem conseguir fazer projeções para os próximos meses, a produtora de papel Klabin afirmou nesta quinta-feira que a economia brasileira está "estranha", mantendo soluços de demanda, o que tem feito a empresa apostar mais em exportações do que no mercado interno.

"A economia, a cada semana se revela de forma diferente, com uns clientes diminuindo a demanda e outros aumentando, de maneira um tanto quanto surpreendente", disse o diretor-geral da Klabin, Fabio Schvartsman. "A economia está estranha, essa é a melhor maneira de se referir a ela." No varejo o sentimento é parecido. O Índice Antecedente de Vendas do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IAV-IDV) apontou uma aceleração de vendas em abril e maio, que será seguida por ritmo menor em junho.

Empresas como Cia Hering e Electrolux, por exemplo, têm visto um mercado mais fraco que o esperado no Brasil neste início de ano.

A Cia Hering, uma das maiores redes de varejo de moda do país, viu um primeiro trimestre "um pouco mais difícil" do que a empresa esperava para este ano, disse à Reuters o diretor financeiro da companhia, Frederico Oldani.

A Cia Hering divulgou na noite da véspera queda nas vendas em lojas físicas e também no canal online.

"A gente... acha que pode ter volatilidade principalmente nas vendas em lojas, ainda não está claro quantos dias de vendas serão perdidos (por causa da Copa)", disse Oldani.

Já a gigante mundial de eletrodomésticos Electrolux afirmou nesta sexta-feira que o Brasil, seu segundo maior mercado, permanece com performance fraca. O presidente-executivo da companhia sueca, Keith McLoughlin, acredita que a demanda continuará caindo no Brasil no segundo trimestre, embora ele espere uma recuperação na segunda metade do ano.

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