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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.
A valorização do real está corroendo as margens de lucro das exportações e retirando do mercado externo companhias que já não conseguem competir com seus pares estrangeiros, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). "O receio é de que isso comprometa o futuro das exportações e, portanto, o crescimento econômico", afirma Flávio Castelo Branco, gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI.
Entre 2003 e 2005, por exemplo, rentabilidade das exportações recuou 25,6%, de acordo com cálculos da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior, citados na pesquisa da CNI. A corrosão das margens de lucro continuou no primeiro trimestre deste ano, quando a rentabilidade recuou mais 6,7% sobre igual período de 2005. Segundo a CNI, o impacto da valorização do real só não foi maior, porque, nos últimos três anos, o preço médio dos bens exportados pelo Brasil subiu 32,7%.
Entre as indústrias prejudicadas pelo dólar fraco, estão as que utilizam muita mão-de-obra, como a têxtil. O estudo da CNI afirma que, com o real valorizado, a folha de pagamento está cada vez mais cara em dólar, o que reduz a competitividade dessas empresas no mercado internacional. O rendimento médio do pessoal ocupado nas regiões metropolitanas atingiu 427 dólares em março, o que significa uma alta de 33,4% sobre o mesmo mês do ano passado. Na indústria de transformação, o total de salários em dólares cresceu 70,3% entre 2003 e 2005.
As empresas que importam poucos insumos estão entre as afetadas pelo câmbio. O motivo é que a importação de insumos poderia atenuar os custos de produção, em reais, melhorando a rentabilidade das exportações em um momento de moeda local forte. Por fim, os pequenos e médios exportadores estão na lista dos que têm crescente dificuldade.
O resultado geral é uma redução do número de empresas exportadoras. Em 2004, de acordo com a CNI, 18 608 companhias realizaram transações internacionais. No ano passado, o número caiu para 17 657. A queda persistiu no primeiro bimestre de 2006, quando 10 078 empresas exportaram. No mesmo período de 2005, o total era de 10 674.
A queda foi mais intensa entre os pequenos exportadores, com vendas externas de até 10 000 dólares. Esse grupo decresceu de 1 779 para 1 501 empresas. A saída das pequenas do mercado internacional concentra ainda mais as exportações nas grandes companhias. No acumulado de janeiro e fevereiro, 52 empresas exportaram mais de 60 milhões de dólares, contra 39 no primeiro bimestre de 2005.