Reforma Tributária: Câmara conclui segundo projeto, após rejeitar a taxação de grandes fortunas
Deputados fecharam acordo com alterações em projeto que retira cobrança do imposto sobre herança
Redatora
Publicado em 30 de outubro de 2024 às 17h00.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 07h02.
A Câmara dos Deputados concluiu, nesta quarta-feira, 30, a votação do segundo projeto de regulamentação da Reforma Tributária . O texto principal já foi aprovado em agosto, mas a discussão de emendas da proposta travou a votação. Após acordo entre os parlamentares, o texto segue para o Senado.
A proposta atual define as regras para a administração do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será coletado por estados e municípios.
A retomada das discussões ocorreu após um acordo fechado na terça-feira, que retirou do texto a polêmica cobrança do ITCMD (imposto estadual) sobre herança de previdência privada. A mudança será feita por meio de uma emenda.
Emendas rejeitadas
Foram rejeitados dois pontos significativos durante a discussão da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados:
- Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF): A emenda do deputado Ivan Valente (Psol-SP) que propunha a criação do IGF, um imposto voltado para fortunas superiores a R$ 10 milhões, não foi aprovada.
- Avaliação de Políticas Públicas pelo Comitê Gestor: Também foi rejeitado o destaque do Projeto de Lei que buscava retirar o trecho que estabelece a responsabilidade do Comitê Gestor pela avaliação periódica (a cada cinco anos) da eficácia, eficiência e qualidade das políticas sociais, ambientais e de desenvolvimento econômico, além de regimes especiais de tributação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
Impactos para governadores e previdência complementar
A exclusão do ITCMD sobre o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é considerada uma derrota para os governadores, que defendiam a inclusão da cobrança. Atualmente, alguns estados já cobram o imposto no momento da transferência para herdeiros, mas sem uma regra uniforme, gerando disputas judiciais.
Os estados buscavam criar um padrão para evitar que a previdência complementar fosse utilizada como estratégia de planejamento sucessório.
O segundo projeto de regulamentação da reforma estava parado na Câmara, pois os senadores haviam sinalizado que não votariam a primeira etapa de regulamentação ainda este ano. O Senado, no entanto, apresentou um cronograma com previsão de aprovação em novembro.
Outras mudanças propostas no projeto
Outras mudanças no texto incluem a exclusão da responsabilidade das empresas na cobrança de impostos de empresários autônomos que prestam serviços, caso estes não recolham os tributos devidos.
Também será removida a previsão de ITCMD na distribuição desproporcional de lucros entre sócios e a proibição de empresas do mesmo grupo transferirem créditos de ICMS ou do futuro IBS entre si.
Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) e uma revisão quinquenal de produtos e serviços com taxação reduzida também serão colocados em votação para avaliar a eficiência desse benefício fiscal.
Outro ponto é a retirada de uma emenda que alteraria a forma de cobrança do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A proposta agora é utilizar o maior valor entre o venal ou o de transferência para o cálculo do imposto.
Funcionamento do Comitê Gestor
O texto define o funcionamento do Comitê Gestor do IBS, que será uma junção dos impostos ICMS (estadual) e ISS (municipal). Além disso, a reforma cria a CBS, reunindo os impostos federais sobre consumo.
O comitê terá a função de administrar e fiscalizar a arrecadação estadual e municipal — similar ao papel da Receita Federal para entes subnacionais. Ele será responsável por criar um novo processo administrativo para a cobrança do imposto, com três instâncias de decisão.
Os contribuintes poderão participar da última instância de decisão e de outras etapas do processo administrativo, representados por federações e associações de setores empresariais. A proposta original do governo previa apenas a participação de auditores fiscais na instância final.
Reforma Tributária: o que muda com a regulamentação? Entenda
*Com informações da Agência o Globo