Tesouro: novo Refis representaria frustração de R$5 bi na receita
Em coletiva de imprensa, Ana Paula Vescovi apontou que a nova cifra ainda não está sendo formalmente considerada pela Fazenda
Reuters
Publicado em 28 de setembro de 2017 às 16h58.
Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 17h09.
Brasília - O novo Refis aprovado pela Câmara dos Deputados renderia à União apenas 3,8 bilhões de reais em 2017, ante estimativa de 8,8 bilhões de reais no formato desenhado pela equipe econômica, afirmou a secretária do Tesouro Nacional , Ana Paula Vescovi, nesta quinta-feira.
Em coletiva de imprensa, ela apontou que a frustração de 5 bilhões de reais ainda não está sendo formalmente considerada pela Fazenda, uma vez que a tramitação da lei sobre o programa de regularização tributária ainda não foi concluída no Congresso Nacional.
Na véspera, a Câmara aprovou um texto mais frouxo para o programa, passando a admitir descontos maiores sobre os valores devidos e o pagamento de entradas mais modestas no âmbito dos parcelamentos. O plenário da Casa ainda precisa analisar emendas ao texto, que deverá ser posteriormente votado no Senado. [nL2N1M82O1]
Questionada se o governo avaliava recomendar o veto às regras mais generosas, Ana Paula afirmou que "a discussão ainda está muito presente na Receita Federal".
"Falta um pouquinho de tempo para a gente aguardar, para ter essa certeza, um pouco mais de clareza nesse cenário", completou.
Após a realização de leilões de hidrelétricas e de energia na véspera, a secretária do Tesouro também lembrou que o governo conseguiu levantar 4,5 bilhões de reais acima do esperado com as investidas, recursos com os quais contará para administração do Orçamento no restante do ano.
Num contexto em que a versão final do Refis segue uma incógnita, Ana Paula apontou que o descontingenciamento de 12,8 bilhões de reais anunciado pelo governo na semana passada está assegurado. Um decreto de programação orçamentária deverá sair na sexta-feira especificando como o governo fará a gestão dessa liberação. [nL2N1M31L8]
BNDES
Após o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oficializar nesta quinta-feira a devolução de 33 bilhões de reais ao Tesouro, Ana Paula afirmou que a operação irá reduzir a dívida pública bruta em 0,5 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).
Ela ressaltou a importância da devolução acordada com o banco de fomento para cumprimento da chamada regra de ouro. Inscrita na Constituição, ela determina que as receitas de operações de crédito não podem ultrapassar o valor das despesas de capital. Na prática, o país não poderia tomar operações de crédito para financiar despesas correntes.
Além dos 33 bilhões de reais, o BNDES também está discutindo com o governo a devolução de outros 17 bilhões de reais ainda este ano, o que, segundo Ana Paula, irá de fato ocorrer.
Já em relação aos outros 130 bilhões de reais pedidos ao BNDES para o ano que vem, a secretária do Tesouro afirmou que as conversas seguem na mesa. Ela ressalvou, contudo, que o governo não dispõe de outra alternativa que não essa.
"Hoje nós não temos plano B. Hoje a discussão é em torno da necessidade de cumprimento de uma regra constitucional", disse.
Ao divulgar o resultado primário de agosto, o Tesouro apontou em apresentação que suas projeções indicam uma necessidade de 184 bilhões de reais para cumprimento da regra de ouro em 2018.