Economia

Recessões deixam marcas para sempre na economia, diz estudo

Depois de uma recessão, trabalhadores e recursos continuam afetados mesmo depois que o crescimento volta, em um processo conhecido como histerese


	Grécia: país é um dos líderes em perda de PIB potencial
 (Mstyslav Chernov/Creative Commons)

Grécia: país é um dos líderes em perda de PIB potencial (Mstyslav Chernov/Creative Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 2 de julho de 2014 às 16h18.

São Paulo - De acordo com a teoria clássica, recessões são causadas por quedas na demanda que fazem com que o Produto Interno Bruto não atinja o seu potencial por algum tempo.

Depois que ela passa, no entanto, tudo voltaria ao normal - ou não, de acordo com um novo trabalho de Laurence M. Ball para o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos.

Para analisar os efeitos de longo prazo da recessão global de 2008 e 2009 sobre 23 países da OCDE, ele pegou o período até 2007 e números atuais para comparar o PIB potencial, estimado com base em dados de trabalho, produtividade e estoque de capital.

A perda de PIB potencial vai de quase zero em países como Austrália e Suíça a mais de 30% na Grécia, Irlanda e Hungria. Levando em conta o tamanho das economias, a média fica em 8,4%.

É uma perda de potencial maior até do que a perda de fato sofrida pelo PIB dos países após a crise.

Isso se chama histerese, um nome que vem da física e classifica o fenômeno de materiais que conservam propriedades mesmo sem o estímulo que as gerou. Na economia, isso acontece por vários mecanismos.

Um deles é o trabalho: há evidências claras de que os indivíduos demitidos ou que não conseguem entrar no mercado durante a recessão tem seus rendimentos afetados pelo resto da vida. A acumulação de capital também é prejudicada, assim como os processos que levam à inovação tecnológica.

A ideia não é exatamente nova, mas como disse Lawrence Summers, diretor do Conselho Econômico Nacional no auge da recessão, "a crise financeira confirmou a doutrina da histerese mais fortemente do que qualquer um poderia supor." 

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaIndicadores econômicosPIBTeoria econômica

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor