Economia

Recessão no país traz desafios ao próximo governo, diz Fitch

A agência ressaltou que a queda em investimento foi o principal fator para a contração econômica no período


	Fitch: segundo a agência, o Brasil está passando por uma "desaceleração prolongada"
 (Brendan McDermid/Reuters)

Fitch: segundo a agência, o Brasil está passando por uma "desaceleração prolongada" (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 17h08.

São Paulo - A contração na economia do Brasil no segundo trimestre ressalta desafios importantes que o próximo governo do país enfrentará, após a eleição presidencial de outubro, afirmou a agência de classificação de riscos Fitch, em relatório.

As perspectivas econômicas de médio prazo dependerão muito das medidas tomadas pela próxima administração para restaurar a confiança, reduzir o custo de fazer negócios e facilitar uma transição mais rápida em direção ao crescimento liderado pelo investimento, disse.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,60% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, informou na manhã desta sexta-feira, 29, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A agência ressaltou que a queda em investimento foi o principal fator para a contração econômica no período.

Além disso, o IBGE revisou a variação no primeiro trimestre deste ano.

O recuo foi de 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2013. Inicialmente, o instituto havia apurado um avanço de 0,2%, como divulgado em maio.

"A leitura do segundo trimestre e a revisão do primeiro trimestre significam que o Brasil está em recessão técnica e que a desaceleração em 2014 será mais acentuada do que o previsto em nossa previsão do ano inteiro, de crescimento real do PIB de 1,5% (contra 2,5% no ano passado). Vamos, portanto, reduzir a nossa previsão de crescimento em 2014 na próxima atualização do nosso relatório trimestral 'Perspectivas da Economia Global', que será publicado em setembro", afirmou a agência.

Segundo a Fitch, o Brasil está passando por uma "desaceleração prolongada".

"O crescimento médio em 2011 a 2013 foi de 2,1%, menos da metade da média de 4,5% no período de 2006 a 2010", afirmou.

"O impacto do aperto monetário e do potencial aperto fiscal no próximo ano no crescimento significam que qualquer recuperação durante nosso período de previsão de ratings deve ser gradual."

O declínio acentuado dos indicadores de confiança nos últimos meses, que pode refletir a "erosão" na formulação de políticas, a incerteza pré-eleitoral e competitividade fraca também apontam para uma recuperação lenta, diz a Fitch.

O espaço para estímulo da demanda do Brasil no curto prazo é limitado pela inflação elevada e dívida pública, disse a agência, ao ressaltar que a inflação anual do IPCA continua a pairar perto do limite superior do intervalo de tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo do Banco Central do Brasil, cujo centro da meta é 4,5%.

"Nossas projeções básicas veem a dívida bruta do governo geral se estabilizando um pouco abaixo de 60% do PIB (o que é acima da média dos ratings 'BBB'). Estas presumem que algum ajuste fiscal ocorra no próximo ano e que o crescimento se recupere", afirmou.

"O principal risco para a trajetória da dívida seria mais quedas nos superávits primários e desempenhos fracos" contínuos no crescimento.

Segundo a agência, o fraco crescimento do PIB já está afetando as finanças públicas através do crescimento da receita mais fraco.

Em 12 meses até julho, o superávit do governo central ficou em 1,22% do PIB, o que ressalta os desafios crescentes para atingir a meta de crescimento de 1,9% do PIB para este ano, afirmou.

A dependência de receitas não recorrentes vai continuar neste ano, o que reduz a previsibilidade das finanças públicas.

"A queda dos indicadores de confiança sugerem que os agentes econômicos querem ver ajustes adicionais de política para além dos já realizados, que incluem o aperto monetário, alguma flexibilidade da taxa de câmbio e tentativas para aumentar o investimento privado em infraestrutura."

Para a agência, restaurar a confiança, fortalecer a credibilidade da política fiscal e econômica e reduzir os gargalos estruturais em áreas como infraestrutura e ambiente de negócios seriam favoráveis para o perfil de crédito soberano do Brasil se resultarem em um crescimento mais rápido sustentável.

A capacidade das autoridades para ajustar a política de modo a corrigir os desequilíbrios econômicos e fiscais, portanto, "continua a ser um foco importante de nossa avaliação de ratings soberanos".

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