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Reajuste de 19% no gás natural impacta residências, indústria e taxistas

Atualização anunciada na sexta-feira nos preços da Petrobras encarece gás natural a partir desta semana

Dutos de gás natural: aumento de 19% nas distribuidoras da Petrobras a partir do último 1º de maio (Agência Petrobras/Reprodução)
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Carolina Riveira

Publicado em 2 de maio de 2022 às 06h00.

Última atualização em 2 de maio de 2022 às 09h00.

A semana começa nesta segunda-feira, 2, com o gás natural ficando mais caro. A Petrobras anunciou na semana passada reajuste de 19% no preço do insumo a suas distribuidoras, medida que passou a valer em 1º de maio. O novo valor deve impactar toda a cadeia a partir desta semana, levando a aumentos na ponta no Gás Natural Veicular ( GNV ).

O combustível é usado no gás encanado em residências, na indústria e em alguns veículos, sendo tradicional nos táxis.

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A alta no GNV vem em momento de pressão generalizada nos preços praticados no Brasil. O mercado já aposta que a inflação seguirá acima de 10% até o segundo semestre, em grande medida devido às altas nos combustíveis.

A Petrobras informou que o aumento acontece com base em fórmulas previamente acordadas para o trimestre de maio a julho. O preço internacional do gás natural está vinculado à variação do petróleo do tipo Brent, que vem em alta, além da taxa de câmbio do dólar, no caso do Brasil.

"A atualização trimestral para o gás e anual para o transporte atenua volatilidades momentâneas e assegura previsibilidade e transparência", disse a Petrobras em nota.

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O preço final ao consumidor, além do valor da Petrobras, depende de tributos e custos no restante da cadeia de produção, e será preciso aguardar os próximos dias para verificar o quanto os valores subirão na prática. No caso do gás encanado na cozinha, o preço é definido também de acordo com as tarifas locais.

Aumento não vale para o botijão

A medida da Petrobras não vale para o GLP (gás liquefeito de petróleo), derivado do petróleo e usado no gás de botijão. O GLP já havia tido aumento de 16,1% em março na fatia vendida pela Petrobras, na mesma leva dos aumentos em gasolina e diesel.

Depois, a Petrobras voltou atrás em relação ao GLP e reduziu seu preço em 5,6% em 8 de abril. A baixa, no entanto, não foi suficiente sequer para cobrir os aumentos de preço ao consumidor em março. No mês, o botijão havia subido 6,6% no IPCA, índice inflacionário medido pelo IBGE.

Na ocasião da redução do GLP, a Petrobras justificou que a decisão ocorreu porque houve "evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP".

Altas do gás acima da inflação

Embora o aumento desta semana afete sobretudo a indústria e veículos que usam GNV, a expectativa é de futuras atualizações de preço também nas residências que usam gás encanado.

Mesmo antes do reajuste da Petrobras, o gás encanado havia subido 3,31% no IPCA-15 de abril (prévia da inflação oficial) e 15% no acumulado deste ano. Até então, essa alta na média nacional havia ocorrido por reajustes só em duas capitais, Rio de Janeiro e Curitiba, disse o IBGE na divulgação do índice.

Agora, com a alta às distribuidoras da Petrobras, mais localidades podem vir a ter aumentos. Em São Paulo, por exemplo, a última alta na tarifa do gás encanado foi em dezembro.

Já o gás veicular subiu 2,3% em abril e 7,6% no ano na média do IPCA-15, mesmo antes dos aumentos da Petrobras. O GNV nos carros é usado, por exemplo, por taxistas, e vinha sendo uma alternativa aos altos custos da gasolina e do etanol.

O aumento do gás natural também impacta os custos na indústria nacional, aumentando os desafios de competitividade.

Enquanto isso, na linha das altas do preço do petróleo, o gás de botijão (GLP) subiu 8,1% no IPCA-15 de abril, pressionado pelo aumento anterior da Petrobras, e 8,7% no acumulado do ano.

As altas no gás vieram acima da inflação geral no período. O IPCA-15 mensal em abril (que mede os preços até meados do mês) fechou o período em alta de 1,73%, a maior variação para o mês desde 1995. O acumulado foi de 4,3% neste ano e 12% em 12 meses.

Por que o preço dos combustíveis está tão alto?

Do gás à gasolina e diesel, os combustíveis seguem sendo os principais vilões da inflação, incluindo com impacto nos custos de produção e no índice geral, o que leva a aumento de preços disseminados em mais produtos.

Só o preço do gás de botijão GLP medido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atingiu seu maior patamar neste século. O valor da média mensal do gás de botijão em abril também representou mais de 9% do salário mínimo.

Na última medição semanal, na semana até 30 de abril, o GLP custava R$ 113,50 para o botijão de 13 quilos.

Já o GNV ficou em R$ 4,77 por metro cúbico, podendo chegar a R$ 6,88 no preço máximo encontrado pela ANP.

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A alta dos combustíveis e seus impactos na inflação geral têm levado a pressão na direção da Petrobras e do governo federal contra a PPI, Política de Paridade de Importação. O modelo faz com que os preços praticados pela Petrobras no Brasil acompanhem os do mercado internacional e é usada desde 2016.

Os preços do petróleo e do gás natural no mercado internacional, que já vinham altos com a retomada após o auge da pandemia da covid-19, foram às alturas em meio à guerra na Ucrânia.

O gás natural, em especial, tem sido fonte de crise neste ano sobretudo em países da Europa, onde o insumo é usado, além da indústria, para energia elétrica e aquecimento de casas. Boa parte dos países europeus depende amplamente da importação de gás russo.

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