Economia

Reabertura parcial do comércio não irá salvar Dia dos Namorados

Varejo deverá registrar uma retração de 43% nas vendas em meio à pandemia do coronavírus

Grandes cidades como SP e Rio estão reabrindo, enquanto o fim do pico da covid-19 segue distante no Brasil (Eduardo Frazão/Exame)

Grandes cidades como SP e Rio estão reabrindo, enquanto o fim do pico da covid-19 segue distante no Brasil (Eduardo Frazão/Exame)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 12 de junho de 2020 às 06h54.

Última atualização em 12 de junho de 2020 às 13h08.

O Dia dos Namorados, sétima data mais importante do calendário do varejo brasileiro, é comemorado hoje em meio a uma reabertura incipiente e gradual do comércio em boa parte do Brasil. Ontem, grandes cidades como Rio e São Paulo tiveram grande aglomerações em frente a shoppings e lojas de rua, enquanto o fim do pico do coronavírus segue distante no Brasil. Mas a reabertura prematura não vai salvar o comércio nesta data tão importante para o mercado de consumo.

No Paraná, por exemplo, uma pesquisa da Fecomércio PR na segunda quinzena de maio aponta que só metade da população planejava presentar neste ano. É o percentual mais baixo da série histórica iniciada em 2016, e mais de 70% disseram que sua decisão foi impactada pela pandemia.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima uma retração de 43% nas vendas no varejo brasileiras relacionadas à data. O valor previsto a ser movimentado é de R$ 937,8 milhões, contra R$ 1,65 bilhão em 2019.

Confirmada a previsão, o faturamento será o menor dos últimos 11 anos. A previsão é que as perdas relativas sejam maiores nas regiões Norte e Nordeste, com queda acima de 60% em estados como Ceará, Amapá e Pernambuco. Já a Fecomercio SP prevê uma queda de 20% nas vendas do mês de junho em relação ao mesmo mês do ano passado, traduzido em prejuízo acima de R$ 11 bilhões.

A Grande São Paulo teve ontem abertura de shopping centers, mas o impacto nas vendas se deve não apenas ao fechamento das lojas, mas também por uma perda concreta de poder aquisitivo e a cautela generalizada.

“As famílias tiveram suas rendas reduzidas devido à alta do desemprego e do endividamento, com a intenção de consumo encolhida e focada apenas em produtos essenciais, como alimentos e remédios”, diz a nota da entidade.

O exemplo mundial mostra que para sair de casa sem medo, as pessoas precisam estar seguras de que a pandemia foi contida. E a experiência de crises anteriores mostram que para gastar, as pessoas precisam acreditar que a retomada econômica será consistente. Está difícil gerar esse tipo de confiança no Brasil, que agora é líder mundial em mortes diárias pelo coronavírus.

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