Economia

Questão Macro: mercado espera tom mais incisivo do Copom sobre juros

A expectativa da reunião do Copom e o impacto das eleições americanas no câmbio brasileiro foram alguns dos temas do Questão Macro desta quarta, 28

Álvaro Frasson, Fabiane Stefano e Arthur Mota apresentam Questão Macro toda quarta, às 13h30 (Divulgação/Divulgação)

Álvaro Frasson, Fabiane Stefano e Arthur Mota apresentam Questão Macro toda quarta, às 13h30 (Divulgação/Divulgação)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 16h03.

Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 18h15.

A expectativa do mercado financeiro é que o Comitê de Política Monetária mantenha a taxa Selic no patamar de 2%, na divulgação que ocorre no final desta quarta-feira, 28. As atenções, no entanto, estarão voltadas para as expectativas que o comitê irá compartilhar em comunicado após a reunião principalmente sobre o futuro da taxa básica de juro. A pandemia mexeu com a economia e os negócios no mundo todo. Venha aprender com quem conhece na EXAME Research.

"O comunicado tem de trazer alguns pontos para não estressar o mercado amanhã", explicou o economista Álvaro Frasson, do BTG Pactual Digital, no programa Questão Macro desta quarta. "Em um cenário de tendência de alta na inflação, câmbio pressionado e incerteza fiscal, não cabe mais uma 'possibilidade de cortes adicionais', como tivemos nas últimas reuniões."

O economista espera que o BC abandone a posição dovish (que, no jargão de mercado, significa políticas mais expansionistas) dos últimos comunicados e assuma um tom mais incisivo direcionado à alta de juros, explicitando que um possível estouro no teto de gastos restringiria drasticamente os movimentos da instituição. "Isso mostraria um pouco mais de responsabilidade e coerência da política monetária, em oposição à política fiscal vacilante que temos acompanhado", disse Frasson.

Com a curva de juros digerindo o resultado do Copom, a quinta-feira, 29, deve ser um dia agitado para o mercado também por causa da divulgação do IGPM fechado do mês, pelo fim do vencimento das operações compromissadas do BC e pelos novos leilões do Tesouro. "Tudo isso à luz de um cenário externo bem conturbado, com segunda onda de covid no Hemisfério Norte e com a reta final das eleições americanas. Vai ser um dia e tanto, e o mercado vai perceber", avaliou Arthur Mota, economista da EXAME Research, área de análise de investimento da EXAME.

Eleições americanas

O resultado das eleições americanas que não necessariamente serão confirmados já na quarta pós-pleito certamente irão influenciar o câmbio no Brasil, que nesta manhã atingiu seu maior valor desde maio, chegando a 5,789 reais.

"Uma provável vitória do Biden já está contemplada nesse preço. O que não está é se o Senado vai ser democrata ou republicano", explicou Frasson. "Se além de um presidente, tivermos também a Câmara e o Senado democratas, é bem provável que seja aprovado um pacote fiscal na casa dos 3 trilhões de dólares. Isso pode enfraquecer a moeda americana frente ao real. Mas é algo marginal perto dos desafios que temos por aqui."

Esses desafios estão atrelados, basicamente, à aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021 que, há dois meses do fim do ano, ainda patina no Congresso. "Corremos o risco de, pela primeira vez, virar o ano sem orçamento aprovado. Com isso, o que será que as agências de rating vão falar da análise de crédito da dívida brasileira?", indagou o economista.

Esses e outros assuntos foram debatidos na tarde desta quarta, 28, no programa semanal Questão Macro, apresentado pelos economistas Arthur Mota, da EXAME Research, e Álvaro Frasson, do BTG Digital. A conversa é mediada pela jornalista Fabiane Stefano, editora de macroeconomia da EXAME. 

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