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“Queremos garantir que o arcabouço tenha vida longa”, diz Haddad, sobre agenda de revisão de gastos

Declarações do ministro da Fazenda ocorreram após reunião do presidente Luiz Inácio da Silva com executivos dos quatro maiores bancos privados do país

 (Andressa Anholete/Getty Images)

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Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 14h13.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 16, que o governo quer garantir que o arcabouço fiscal tenha “vida longa”.

“Queremos garantir que o arcabouço tenha vida longa. Não pode ser algo que as pessoas olhem e que digam que [a regra] tem dois anos ou três de sustentabilidade. Não podemos deixar acontecer com o arcabouço fiscal o que aconteceu com o teto de gastos”, disse Haddad, ao ser questionado pela EXAME se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido da necessidade da agenda de revisão de gastos.

A declaração ocorreu após o ministro participar de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os executivos dos quatro maiores bancos privados do país.

Entre eles, estavam o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, o CEO do Santander, Mário Leão, o chairman do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla EXAME), André Esteves, o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Segundo Haddad, Lula afirmou aos banqueiros que não tem "compromisso com o erro", sabe das suas responsabilidades e que precisa entregar o país em uma situação econômica e social melhor do que a que recebeu.

“O presidente terminou a reunião dizendo que ele, ao contrário de outros [ex-presidentes] não pode errar. Ele disse que sabe que não pode errar e que vai entregar o país melhor que eu recebeu”, disse Haddad.

Lula teme efeitos políticos da agenda de revisão de gastos

Como mostrou a EXAME, apesar da sinalização de Haddad de que o governo trabalha em uma agenda de revisão de gastos, Lula ainda não está convencido sobre a necessidade das medidas, afirmaram técnicos da equipe econômica e da ala política à reportagem.

O cálculo de Lula é eminentemente político e considera, sobretudo, os impactos que uma mudança nas regras para concessão benefícios sociais, previdenciários e trabalhistas pode ter na popularidade e nos votos do chefe do Executivo no Norte e no Nordeste.

As duas regiões concentram parte significativa do eleitorado do petista e essas populações estão entre as maiores beneficiárias dos programas sociais e de amparo ao trabalhador.

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