Economia

Queda do real prejudica comércio uruguaio em fronteira

A desvalorização do real "gerou impactos na relação" com o Brasil, tanto nas exportações como "nos comércios (uruguaios) da fronteira", disse ministro uruguaio


	Notas de real
 (AFP)

Notas de real (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2015 às 17h04.

Montevidéu - A desvalorização do real "gerou impactos na relação comercial do Uruguai" com o Brasil, tanto nas exportações como "nos comércios (uruguaios) da fronteira", disse nesta segunda-feira em Montevidéu o vice-ministro de Economia uruguaio, Pablo Ferreri, após o Conselho de Ministros.

"É uma situação que nós monitoramos permanentemente e temos que analisar que medidas podem ser necessárias", declarou Ferreri sobre as opções para solucionar a situação.

O real, que na sexta-feira passada fechou a semana com uma cotação frente ao dólar de R$ 3,972 para a compra e de R$ 3,974 para a venda na taxa de câmbio comercial brasileiro, chegou no dia 23 de setembro à pior marca desde sua criação em 1994.

Uma das consequências diretas da desvalorização da moeda brasileira é a situação vivida na cidade de Chuy, que tem metade do território em solo brasileiro e a outra no Uruguai. Cerca de 60% dos 14 mil habitantes do lado sul estão desempregados e "muitos negócios" fecharam, conforme informou à Agência Efe a prefeita do lado uruguaio da cidade, Mary Urse.

"Não podemos competir com o Brasil", disse a representante da cidade sobre a diferença de preços entre ambas as regiões, o que faz com que milhares de uruguaios cruzem a fronteira para adquirir produtos incluídos em uma cesta básica familiar, os únicos itens do país vizinho que os uruguaios podem trazer a seu país, com uma limitação de 5 quilos por pessoa.

Entre os produtos 'estrela' estão café, arroz e açúcar, produtos que no lado brasileiro podem ser encontrados com preços até 50% mais baratos do que no Uruguai.

Uma das medidas que pedidas pelos comerciantes uruguaios ao governo, não apenas em Chuy, mas em toda a fronteira com o Brasil, segundo Urse, é uma "redução de impostos para poder competir" com seus vizinhos.

Ferreri afirmou que "ainda" não foram analisadas "as exonerações tributárias" como uma das primeiras linhas de atuação, mas disse que "sempre é uma ferramenta" a ser considerada.

Quanto à possibilidade de proibir os uruguaios de atravessarem a fronteira com produtos comprados no Brasil, o vice-ministro indicou que essa não é uma medida que tenha sido "conversada".

"O Brasil desvalorizou em pouco mais de 50% sua moeda neste ano e isso é uma trajetória que nossa taxa de câmbio não pode e nem deve seguir", avaliou Ferreri.

De acordo com Carmen Ibarra, membro da Comissão Fiscal da Câmara de Comércio Uruguaio-Brasileira, as relações comerciais entre ambos estão "na expectativa" das atuações dos bancos centrais dos países e da "evolução da situação política brasileira". 

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