Economia

Quase 10 milhões ficaram sem remuneração em maio, mostra Pnad Covid

O número corresponde a mais da metade das 19 milhões de pessoas que estavam afastadas de seus trabalhos e a 11,7% da população ocupada do país

Carteira de trabalho: pandemia do coronavírus afetou empregos e salários de milhões de pessoas (Pilar Olivares/Reuters)

Carteira de trabalho: pandemia do coronavírus afetou empregos e salários de milhões de pessoas (Pilar Olivares/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 21h39.

O distanciamento social provocado pela pandemia de covid-19 deixou 9,7 milhões de trabalhadores sem remuneração em maio de 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid), divulgados nesta quarta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número corresponde a mais da metade (51 3%) das 19 milhões de pessoas que estavam afastadas de seus trabalhos e a 11,7% da população ocupada do país, que totalizava 84,4 milhões no mês.

De acordo com a pesquisa, 15,7 milhões de pessoas estavam afastadas do trabalho devido às medidas de distanciamento social para evitar o aumento da contaminação pela doença. Além disso, o grupo etário com maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi o de 60 anos ou mais: 27,3%.

Os trabalhadores domésticos sem carteira foram os mais afetados, registrando o maior porcentual de pessoas afastadas devido à pandemia (33,6%), seguidos pelos empregados do setor público sem carteira (29,8%) e pelos empregados do setor privado sem carteira (22,9%). Já entre os trabalhadores domésticos com carteira, o porcentual de afastados foi de 16,6%.

Em maio, havia 75,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho no Brasil (isto é, não estavam trabalhando nem procuravam por trabalho), dos quais 34,9% não procuraram trabalho, mas gostariam de trabalhar, e 24,5% não procuraram principalmente devido à pandemia ou porque faltava trabalho na localidade em que residiam, mas também gostariam de trabalhar.

Somando a população fora da força que gostaria de trabalhar, mas que não procurou trabalho, com a população desocupada, foram 36 4 milhões de pessoas pressionando o mercado de trabalho, segundo o IBGE. Quando o motivo de não ter procurado foi pandemia ou a falta de trabalho na localidade, o total foi de 28,6 milhões de pessoas.

O diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, aponta em nota que a crise da covid-19 inflou a força de trabalho potencial. "Esse fenômeno afeta principalmente as pessoas de nível superior, pretos e pardos e adultos de 30 a 49 anos", explicou.

A nova pesquisa é uma versão da Pnad Contínua, planejada em parceria com o Ministério da Saúde. A coleta mobiliza cerca de dois mil agentes do IBGE, que levantam informações de 193,6 mil domicílios distribuídos em 3.364 municípios de todos os Estados do País.

A divulgação desta quarta-feira, 24, da Pnad Covid inclui os dados fechados de maio. A partir do próximo dia 26, as divulgações passarão a ser semanais, começando pela semana referente a 31 de maio a 6 de junho.

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