Quanto as principais economias vão crescer até 2017?
Economist Intelligence Unit rebaixou expectativa de crescimento em 2012 de diversos países, entre eles, a China
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2012 às 11h21.
São Paulo - A perspectiva para a economia global está confusa, segundo a Economist Intelligence Unit. A unidade de pesquisas destacou que o crescimento está desacelerando, mas novas medidas tomadas pelos maiores bancos centrais do mundo (Banco Central Europeu e Fed) encorajaram os investidores. O boletim mensal rebaixou a expectativa de crescimento de diversos países em 2012, dentre eles, a China. Em alguns casos, a expectativa para 2013 também caiu (veja tabela na terceira página).
As pressões financeiras na Zona do Euro , em particular, recuaram, segundo o boletim, mas as condições de negócios continuam difíceis. A expectativa do boletim é que o PIB PPP (paridade poder de compra) cresça 3,1% em 2012. A expectativa para a recuperação em 2013 ficou um pouco mais fraca (3,5% ante 3,6% no mês anterior). “Isso reflete a contínua desaceleração nas economias principais”, diz o boletim.
A Economist Intelligence Unit destacou recentes decisões econômicas, como o anúncio de um programa de compra de bônus de países como Espanha e Itália pelo Banco Central Europeu e o QE3. “De longe, o arrojado movimento do BCE reduz a possibilidade de pânico nos mercados e limita o risco de contágio”, afirma o boletim. O QE3, por sua vez, deve impulsionar os preços dos ativos e poderia desencadear um efeito saudável que aumentaria os gastos dos consumidores, na opinião da Economist Intelligence Unit, mas seus efeitos colaterais podem incluir maior preço do petróleo e das commodities.
Os riscos para a economia global vem do lado que está em desvantagem, de acordo com o boletim, a solução para a crise da zona do euro, na melhor das hipóteses, tomaria forma lentamente. Enquanto isso, diversos fatores podem assustar os mercados, desde medidas anti-austeridade até a falta de consenso entre a Grécia e seus credores. Do outro lado, tem-se processos eleitorais na China e nos Estados Unidos – cada um a seu modo.
América Latina
O crescimento na América Latina deve diminuir pelo segundo ano consecutivo, como reflexo de uma série de fatores, como os problemas na Zona do Euro e nos Estados Unidos, segundo o boletim. A perspectiva é de crescimento de 1,5% nesse ano. A América Latina como um todo deve ver maior crescimento em 2013, segundo o boletim, graças a recuperação da demanda doméstica e a recuperação na OCDE. A expectativa é que os resultados de estímulos econômicos sejam sentidos em 2013, e o crescimento no próximo ano chegue a 4%.
Estados Unidos
O crescimento do país desacelerou entre abril e junho, pelo segundo trimestre seguido, e agora está crescendo a menos da metade do ritmo que estava no final de 2011, segundo o boletim.
No segundo trimestre, a economia dos Estados Unidos cresceu 1,7% em base anualizada – as perspectivas para a segunda metade do ano também não são brilhantes. “O QE3, possivelmente, não terá um impacto visível até quase o final do ano”. A expectativa para os Estados Unidos é de crescimento do PIB de 2,1% em 2012 e 1,9% em 2013 – sendo que o último dado ainda não foi revisado levando em consideração o possível impacto do QE3 no próximo ano.
Zona do Euro
A Zona do Euro continua atolada na recessão e estaria ainda pior se não fosse o brando crescimento da Alemanha, segundo o boletim. A crise na Zona do Euro segue sem ser solucionada, mas o boletim acredita que a estrutura para uma eventual solução encontrou um caminho – e cita o programa de compra de bonds anunciado pelo Banco Central Europeu. Mesmo assim, há dificuldades, na região, especialmente entre os países periféricos. “O futuro da Grécia, no longo prazo, como membro do euro parece difícil”, afirma o material. A expectativa é que o declínio da economia grega continue no segundo semestre, guiado pela austeridade fiscal. Se houver uma recuperação em 2013, ela será fraca, com crescimento de 0,4%.
A Europa oriental segue vulnerável aos problemas da zona do euro, mas as últimas ações do BCE balancearam os riscos, segundo o boletim. A expectativa de crescimento é de 2,5% em 2012 e de 3% em 2013.
China e Índia
A combinação de recessão na Europa, demanda fraca nos Estados Unidos e a aversão generalizada ao risco atingiram o mundo em desenvolvimento, segundo o estudo. O boletim reduziu a previsão de crescimento da China em 2012 de 8,1% para 7,8%.
“Apesar do atraso nos efeitos de estímulo significar menor crescimento esse ano, ele deve resultar em números mais fortes em 2013”. No próximo ano, a expectativa de crescimento da China é de 8,6%. O país está demorando mais que o esperado para sentir os benefícios das políticas de estímulo, segundo o boletim. “Agora esperamos que o crescimento do PIB do país fique abaixo de 8% pela primeira vez desde 1999”, afirma o material.
Para a índia, a expectativa é de crescimento de 6% no ano fiscal corrente. As economias do sudeste da Ásia com orientação ao comércio estão expostas à fraca demanda do Oeste e da China, mas seus fundamentos são, geralmente, positivos, de acordo com o material.
Japão
No Japão, a expectativa do boletim sobre o crescimento do país em 2012 passou de 1,7% para 2%. “Os gastos para reconstruir o país após o tsunami e o terremoto estão tendo um efeito mais marcante que o esperado”, mesmo assim, a expectativa é que o crescimento diminua para 1,2% no próximo ano, já que o boom pós desastre irá se encerrar.
Oriente Médio e o Norte da África
O Oriente Médio e o Norte da África serão impactados pela contração econômica no Irã e na Síria e também pelo fraco crescimento do Egito, segundo o estudo. As sanções e a baixa produção de petróleo vão impactar o Irã, mas outros produtores de petróleo da região terão uma boa performance.
Lentamente, o crescimento regional deve se recuperar no próximo ano, graças a programas de infraestrutura na Arábia Saudita e em outros países do Golfo. Na África subsaariana, e expectativa de crescimento diminuiu para 4,1% em 2012 e 4,4% em 2013. Qualquer desaceleração adicional na China seria preocupante, uma vez que o país asiático é um parceiro econômico crucial da região.
Veja a expectativa de crescimento da economia mundial até 2017 feita pela Economist Intelligence Unit:
2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Mundo (PPP Exchange rates) % | 3,7 | 3,1 | 3,5 | 4,0 | 4,1 | 4,2 | 4,1 |
América Latina | 4.3 | 3.1 | 3.9 | 4.2 | 4.0 | 4.1 | 4.1 |
Estados Unidos | 1.8 | 2.1 | 1.9 | 2.1 | 2.2 | 2.3 | 2.3 |
Japão | -0.7 | 2.0 | 1.2 | 1.6 | 1.2 | 0.9 | 0.8 |
China | 9.2 | 7.8 | 8.6 | 8.0 | 8.0 | 7.8 | 7.8 |
Zona do Euro | 1.5 | -0.4 | 0.4 | 1.2 | 1.4 | 1.4 | 1.2 |
Europa Oriental | 3.8 | 2.5 | 3.0 | 3.7 | 3.7 | 3.9 | 4.0 |
Ásia e Australia (excl. Japão) | 6.5 | 5.7 | 6.4 | 6.5 | 6.5 | 6.5 | 6.4 |
Oriente Médio e Norte da África | 3.4 | 3.4 | 3.9 | 4.7 | 4.9 | 5.3 | 5.0 |
África Subsaariana | 4.4 | 4.1 | 4.4 | 5.0 | 5.0 | 5.2 | 5.0 |
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