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Quando tamanho é documento

Em potencial de consumo, distritos na periferia são comparáveis ao rico Jardim Paulista

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

O tamanho de um mercado não depende apenas do nível de renda de sua população. Evidentemente, o número de consumidores também deve ser levado em conta. É fácil entender o motivo: embora a renda per capita dos austríacos seja cinco vezes maior que a dos brasileiros, o mercado do Brasil é muito maior que o da Áustria. A mesma regra se aplica à região metropolitana de São Paulo. Apesar da riqueza existente no entorno do distrito de Jardim Paulista, mais conhecido como Jardins, a elite paulistana é pouco numerosa. Por mais que seu consumo seja pujante, há um mercado igualmente expressivo e ainda pouco explorado na imensa periferia da metrópole.

O mapa abaixo traz o potencial de consumo em cada um dos 132 distritos dos 21 municípios que compõem a mancha urbana, onde se concentram mais de 95% da população da Grande São Paulo. As cifras correspondem à soma da renda mensal, em reais, de todos os chefes de domicílio, por distrito. É a única estimativa possível com base nos dados do Censo Demográfico 2000 do IBGE, que leva em conta somente a renda dos chefes de domicílio e o número de famílias residentes.

Apesar dessas limitações, os números são impressionantes. Entre os líderes em tamanho de mercado encontram-se -- no mesmo nível de Jardim Paulista -- distritos dos municípios de São Bernardo, Santo André e Guarulhos. Já o distrito paulistano de Moema se localiza na segunda faixa de potencial de consumo, ao lado do único distrito de Osasco, de acordo com a divisão utilizada pelo IBGE.

O leitor poderá considerar tal comparação injusta. Afinal, Osasco conta com muito mais habitantes do que Moema, enquanto o grande distrito a oeste de Guarulhos é cinco vezes maior que o distrito de Jardim Paulista. Entretanto, o argumento aqui é exatamente este: no que diz respeito ao potencial de consumo, o tamanho da população é, sim, documento.

Obviamente, ninguém imagina encontrar uma loja da Tiffanys no bairro de Pimentas (que, para quem não sabe, se situa na periferia de Guarulhos). Mas existe aí um significativo mercado de material de construção, de alimentos e de eletrodomésticos. Trata-se de uma região de "consumidores-formiga", que constroem suas casas pouco a pouco e que, nas últimas décadas, têm revolucionado todo o mercado de material de construção.

Se o novo governo conseguir controlar a inflação e realizar parte de suas promessas de melhorar a distribuição de renda e as condições de vida na periferia, ninguém conseguirá segurar o consumo da população dessa região. É esperar para ver.

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