Colheitas de soja: fazendeiros americanos deverão colher 30,6 milhões de hectares de soja (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2013 às 15h36.
Houston - Os agricultores dos EUA podem perder até 1,6 milhão de hectares de sua produção anual de soja se as agências reguladoras agirem rapidamente e banirem a gordura trans em alimentos processados, disse a Associação Americana da Soja.
A Administração de Alimentos e Drogas dos EUA, FDA na sigla em inglês, informou na semana passada que tem o “caminho livre” para banir parcialmente os óleos hidrogenados, o principal veículo de gordura trans, devido a sua ligação com doenças do coração. Em torno de 3,2 milhões de hectares da demanda por óleo de soja já foram perdidos desde que preocupações a respeito da gordura trans começaram a levar empresas processadoras de alimentos e restaurantes a optarem por alternativas mais saudáveis, disse o presidente da Associação Americana da Soja, Danny Murphy.
“Nós entendemos a lógica e a necessidade disso, mas só queremos ter certeza de que a FDA não perturbará demais o mercado movendo-se de forma muito rápida”, disse Murphy, que planta milho e soja em sua fazenda em Canton, Mississippi, ontem, em entrevista por telefone. “Nós estamos perdendo uma participação substancial de mercado”.
Os fazendeiros americanos deverão colher 30,6 milhões de hectares de soja, disse o Departamento de Agricultura em 8 de novembro. Os contratos futuros de soja caíram 6,8 por cento em Chicago neste ano.
A indústria de alimentos cortou voluntariamente mais de 73 por cento da gordura trans em alimentos processados desde 2005, segundo a Associação de Fabricantes de Artigos de Mercearia dos EUA. O anúncio de 8 de novembro da comissária da FDA, Margaret Hamburg, em relação à gordura trans mostra que a proibição é provável após duas décadas de batalhas com defensores da saúde pública.
Embora a gordura trans esteja presente de forma natural em algumas carnes e produtos de laticínio, a maior parte da substância encontrada em alimentos processados são óleos vegetais tratados com hidrogênio para melhorar a textura, estabilizar o sabor e ampliar o tempo de vida na prateleira. A hidrogenação transforma o óleo líquido em sólido.
Soja modificada
A indústria da soja agora está contando com os órgãos reguladores para aprovar as variedades de soja com alto teor oleico, geneticamente modificadas pela Monsanto Co. e pela DuPont Co. para que sejam estáveis sem hidrogenação. Quando a nova geração de variedades modificadas de soja conseguir todas as autorizações regulatórias, o setor planeja reconquistar participação de mercado com 7,28 milhões de hectares de plantas saudáveis para o coração até 2023, segundo o Conselho Unido da Soja dos EUA.
A soja Plenish da DuPont pode eliminar a gordura trans e reduzir a gordura saturada em 20 por cento em alimentos como batata frita processada. A variedade foi aprovada por todos os importadores de soja, exceto a União Europeia, disse Russ Sanders, diretor de mercados de alimento e indústria da unidade de sementes Pioneer, da DuPont. A Plenish foi plantada em apenas 40 mil hectares nos EUA neste ano devido a preocupações relativas à exportação, disse ele.
Demanda por canola
A Vistive Gold, da Monsanto, foi criada para produzir óleo de soja com teor zero de gordura trans e 60 por cento menos gordura saturada do que a soja convencional. A Vistive Gold recebeu aprovação para ser plantada nos EUA, Canadá e México e está sendo cultivada em “quantidades limitadas” à espera de aprovação da União Europeia e da China, disse Gayla Daugherty, porta-voz da empresa com sede em St. Louis, por e-mail.
A proibição da gordura trans pode estimular a demanda por óleo de canola, óleo de palma e gordura animal, disse Anne Frick, analista da Jefferies Bache LLC, em Nova York.
A Dow Chemical Co. já está tirando vantagem das preocupações a respeito de gordura trans com seu óleo de canola saudável para o coração, comercializado como Nexera, que não precisou de aprovação regulatória porque foi produzido de forma convencional. O óleo de canola Nexera forneceu 680 milhões de quilos de óleo neste ano ao mercado norte-americano de óleo vegetal, de 10,88 bilhões de quilos, disse David Dzisiak, líder comercial de grãos e óleos da Dow, com sede em Midland, Michigan.
“Ainda há muitos bilhões de quilos de óleos hidrogenados sendo usados e nós podemos substituí-los”, disse ele, por telefone