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Problema entre EUA e China não atinge diretamente Brasil, diz Meirelles

Ministro disse que eleições de outubro representam um risco maior à retomada do crescimento econômico do que as tensões comerciais entre EUA e China

Henrique Meirelles: "Agora, sim, eles vão definir o que querem negociar", sobre as tarifas dos EUA (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de março de 2018 às 20h18.

São Paulo - Possível candidato à Presidência da República, o ministro da Fazenda , Henrique Meirelles , considerou nesta quinta-feira, 22, que as eleições majoritárias de outubro representam um risco maior à retomada do crescimento econômico do que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China .

O titular da Fazenda informou ainda que o processo de negociação para isentar o Brasil da sobretaxação das importações de aço nos Estados Unidos ainda não foi aberto. O governo de Donald Trump suspendeu a barreira ao aço brasileiro enquanto durarem as negociações por um acordo bilateral, mas já adiantou que vai cobrar contrapartidas para retirar a barreira definitivamente.

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"Agora, sim, eles vão definir o que querem negociar", comentou Meirelles, após participar de encontro com empresários da indústria têxtil na capital paulista.

O ministro lembrou que, durante a reunião do G20 - realizada nesta semana em Buenos Aires - teve uma conversa "produtiva e franca" sobre o tema com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que ficou de levar a mensagem brasileira ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos na volta ao país.

"Não é só questão de contrapartidas. Uma coisa é os Estados Unidos negociando com a China, que é um problema comercial mais abrangente. Outra coisa é a questão específica em relação ao Brasil. O aço brasileiro tem características diferentes do de outras regiões", disse Meirelles, após lembrar que as siderúrgicas norte-americanas utilizam aço semiacabado fornecido pelo Brasil como insumo.

Ele avaliou ainda que a possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China não é boa, mas não afeta diretamente o Brasil, salvo ocorra uma retração forte nas economias dos dois maiores parceiros comerciais do Brasil. "Não acredito que chegue nesse ponto."

"A questão mais importante para nós é o processo eleitoral neste ano, principalmente levando em conta o que vai ser feito pelo próximo presidente", acrescentou o titular da Fazenda, que, mais uma vez, disse que tomará a decisão sobre sua candidatura até o começo de abril.

Meirelles reforçou as previsões do governo de crescimento de 3% da economia brasileira neste ano, com geração de 2,5 milhões de postos de trabalho.

"As condições estão sólidas para isso. Os investimentos em máquinas e equipamentos no fim do ano passado indicam isso. A compra de bens duráveis pelas famílias, também", afirmou.

Numa defesa da agenda reformista, Meirelles disse que, embora a carga tributária brasileira seja a mais elevada entre as economias emergentes, o País tem um déficit fiscal de R$ 159 bilhões. "O problema são as despesas obrigatórias, principalmente a Previdência Social", assinalou. Segundo ele, o governo já eliminou todo o crescimento registrado nas despesas discricionárias, onde o Executivo tem maior controle, desde 2009.

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