Economia

Primeiros indicadores mensais da China indicam complicações

A China ainda mostra uma resposta silenciosa às ondas de flexibilização da política monetária e fiscal, sugerem alguns dos primeiros indicadores


	China: seis cortes nas taxas de juros em um ano e a aceleração nos gastos públicos ainda não foram capazes de reanimar o crescimento
 (Feng Li/Getty Images)

China: seis cortes nas taxas de juros em um ano e a aceleração nos gastos públicos ainda não foram capazes de reanimar o crescimento (Feng Li/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2015 às 20h43.

A economia da China ainda mostra uma resposta silenciosa às ondas de flexibilização da política monetária e fiscal na metade do último trimestre do ano, sugerem alguns dos primeiros indicadores.

Um índice de gerentes de compras (PMI, pela sigla em inglês) compilado de forma privada e um índice com base no interesse encontrado em um site de busca por pequenas e médias empresas piorou este mês, enquanto um indicador de confiança caiu drasticamente em relação a outubro.

Combinados, os relatórios mostram um futuro desanimador antes dos números oficiais, sendo que primeiros divulgados serão os relatórios PMI de produção industrial e serviços, em 1º de dezembro

Os seis cortes nas taxas de juros em um ano e a aceleração nos gastos públicos ainda não foram capazes de reanimar o crescimento e, enquanto isso, o excesso de capacidade e a fraqueza observada em setores que são antigos motores do desenvolvimento, como a manufatura e a construção residencial, estão pesando sobre a segunda maior economia do mundo.

Se os dados oficiais confirmarem a lentidão, é possível que a meta de crescimento do Premiê Li Keqiang não seja alcançada pelo segundo ano consecutivo.

Confira o que mostram os primeiros dados:

PMI Minxin

Os índices de gerentes de compras não oficiais para os setores de indústria e serviços caíram, depois de aumentos nos dois meses anteriores.

O PMI da manufatura caiu de 43,3 em outubro para 42,4 em novembro, enquanto o índice para setores não manufatureiros caiu de 44,2 para 42,9, de acordo com relatórios compilados conjuntamente pelo China Minsheng Banking Corp. e pela China Academy of New Supply-side Economics. Números abaixo de 50 representam uma piora nas condições.

Os PMIs Minxin têm como base uma pesquisa mensal que cobre mais de 4.000 empresas, cerca de 70 por cento delas de pequeno porte. Os indicadores privados têm mostrado uma imagem mais volátil do que os PMIs oficiais do ano passado.

Índice de SME Baidu

Um índice baseado no interesse de pesquisa em produtos e serviços de pequenas e médias empresas caiu ligeiramente neste mês, mostrando uma dinâmica mais fraca neste grupo, que contribui com cerca de 60 por cento da economia da China.

A leitura preliminar de um índice da Baidu Inc., com sede em Pequim, que processa mais de 6 bilhões de buscas por dia, caiu para 98,2 neste mês, contra 98,4 na leitura final de outubro. Leituras abaixo de 100 sinalizam piora.

Os subíndices de setores como engenharia eletrônica, serviços comerciais e matérias-primas químicas caíram no mês passado, enquanto os de software e eletrodomésticos cresceram.

Índice MNI de Confiança das Empresas

O indicador, divulgado pelo Market News International em Nova York, caiu para 49,9 em novembro, maior baixa em cinco meses, contra 55,6 em outubro. Está baseado em uma pesquisa mensal com executivos de empresas chinesas listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen.

Índice econômico dos gerentes de vendas

Há notícias ligeiramente melhores: um índice baseado em uma pesquisa mensal com gerentes de vendas (SMI, na sigla em inglês) para médias e grandes empresas do setor privado permaneceu inalterado em 51,6 em novembro, segundo o relatório de World Economics, com sede em Londres.

Refletindo ainda o tema de reequilíbrio que marcou muitos dos dados da China neste ano, o SMI da manufatura diminuiu ligeiramente em relação ao mês anterior, enquanto o SMI de serviços aumentou, mostrando uma tendência semelhante aos relatórios oficiais de PMI.

Confiança do consumidor Westpac-MNI

Nem tudo é má notícia. Um relatório de confiança do consumidor produzido pela MNI e pelo Westpac Banking Corp. publicado na quarta-feira mostrou uma melhora para 113,1 em novembro, contra 109,7 no mês anterior.

As leituras sobre as finanças pessoais atuais e esperadas melhoraram, assim como os índices sobre condições de negócios para os próximos 12 meses e para os próximos 5 anos.

Os consumidores também foram um ponto positivo nos dados oficiais de outubro, com o crescimento nas vendas no varejo, enquanto o investimento, a produção industrial e o crescimento do crédito permaneceram lentos.

Mesmo assim, é importante não dar importância demais aos movimentos baseando-se em índices relativamente novos ou voláteis, escreveu o economista-chefe da Bloomberg para a Ásia, Tom Orlik, em um relatório.

A política monetária de apoio, a política fiscal agressiva e a recuperação das vendas de automóveis oferecem razões para “olhar por cima os primeiros indicadores e esperar que o crescimento da China mantenha-se estável até o início de 2016”, escreveu Orlik.

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