Economia

Previsão de alta para preços administrados no ano aumenta

Após ata do Copom na semana passada, a mediana das projeções para os preços administrados em 2015 explodiu no boletim Focus


	Preços: ponto central da pesquisa simplesmente passou de 8,70% para 9,0%
 (Getty Images)

Preços: ponto central da pesquisa simplesmente passou de 8,70% para 9,0% (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 12h30.

Brasília - Depois da divulgação da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, a mediana das projeções para os preços administrados em 2015 explodiu no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 2, pelo Banco Central.

O ponto central da pesquisa simplesmente passou de 8,70% para 9,0%, mostrando-se cada vez mais como o vilão da inflação deste ano e se aproximando da projeção mais recente do BC, de 9,3%. Há quatro semanas, a mediana das estimativas para esse indicador estava em 7,85%. As projeções para esse indicador, portanto, subiram mais de 1 ponto porcentual em apenas um mês.

Já para 2016, a expectativa é de que a pressão para a inflação desse conjunto de itens seja menor. A mediana das estimativas ficou estável em 5,80% entre uma semana e outra - patamar também visto há um mês na pesquisa Focus.

De qualquer forma, o impacto desse conjunto de preços segue importante para a construção da inflação do ano que vem, já que a estimativa está muito mais perto do teto (6,50%) do que do centro (4,50%) da meta para 2016. A projeção do mercado para o próximo ano, no entanto, segue mais pessimista que a do BC, que na última ata do Copom projetou inflação de administrados em 5,1%.

Sobre os preços administrados de 2015, o BC ainda explicou que a projeção em nível elevado considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/COFINS; de 3,0% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa; e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Até a inflação no atacado revelou certa pressão na Focus divulgada hoje. O IGP-DI deve encerrar 2015 em 5,66%. Na pesquisa anterior, realizada com aproximadamente 100 instituições financeiras, a taxa apontada era de 5,64% e, quatro semanas atrás, de 5,67%.

Para 2016, a perspectiva é de uma alta de 5,50% desse indicador apontada há 26 semanas.

Já o ponto central da pesquisa para o IGP-M de 2015 passou de 5,66% para 5,85% de uma semana para outra - no mês passado estava em 5,62%.

No caso do ano que vem, a expectativa dos participantes é a de que o principal índice de inflação referência para reajuste de alugueis também suba 5,50%, de acordo com o boletim Focus, que registra esse patamar também há 26 semanas.

O IPC-Fipe para 2015 também mostrou alta esta semana no relatório Focus ao subir de 5,50% para 5,52%. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 5,20%. Para 2016, a inflação de São Paulo, passou de 5,00% para 5,06%.

Selic

Depois da alta de 0,50 ponto porcentual da Selic promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em janeiro, de acordo com a expectativa majoritária dos analistas, o Relatório Focus praticamente não mexeu em suas projeções para essa variável.

Documento divulgado nesta segunda-feira, 2, pelo Banco Central revela que a taxa básica de juros terminará o ano em 12,50%. Essa previsão de alta total de 0,75 ponto porcentual em 2015 consta do documento há oito semanas.

A Selic média deste ano permaneceu em 12,47% ao ano pela sétima vez seguida, valor bem próximo da taxa efetiva esperada para o fim deste ano. Para o encerramento de 2016, a mediana das projeções foi mantida em 11,50% pela quinta semana seguida. A Selic média do ano que vem ficou estável em 11,69% - patamar que também foi registrado um mês atrás.

Já os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros preveem uma elevação bem mais forte do que a pesquisa geral. Para o grupo Top 5 de médio prazo, a Selic encerrará este ano em 13,00%, como já acreditavam esses analistas na semana passada. Para o encerramento de 2016, esse grupo projeta uma taxa de 11,75%, mesmo valor da semana passada.

Quatro semanas antes, a mediana das previsões para esse indicador era de 11,13% ao ano.

Câmbio

Com a entrada de dólares no País via conta financeira e medidas de afrouxamento monetário internacional, a mediana das estimativas para o dólar ficou congelada na pesquisa do BC. De acordo com o documento, a cotação deve encerrar o ano em R$ 2,80 - a estimativa foi apresentada pela quinta semana seguida.

Com isso, o dólar médio de 2015 apresentou apenas uma pequena elevação, de R$ 2,72 para R$ 2,73 entre uma semana e outra - um mês antes estava em R$ 2,71.

Já para 2016, a mediana das estimativas para o dólar segue estável em R$ 2,90. Quatro edições anteriores da Focus, a mediana das projeções para o câmbio de 2016 estava em R$ 2,80. Com isso, o câmbio médio ficou estável em R$ 2,82 - há quatro semanas estava em R$ 2,74.

Superávit comercial

As projeções do mercado financeiro para a balança comercial deste e do próximo ano apresentaram ligeira melhora na pesquisa. A mediana das estimativas para o saldo comercial em 2016 passou de US$ 10,02 bilhões para US$ 10,51 bilhões no período. Há quatro semana, essa projeção era menor, de US$ 10 bilhões.

Também para 2015, houve melhora das projeções. Para este ano, a indicação é de um superávit de US$ 5 bilhões, número maior do que a mediana de US$ 4,5 bilhões apresentada na semana passada. Um mês antes a expectativa era de US$ 5 bilhões.

No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro manteve a mediana para 2015 de um déficit de US$ 78,00 bilhões da pesquisa passada - quatro semanas antes, estava em US$ 77 bilhões.

Já para 2016, a perspectiva é de um saldo negativo, que passou de US$ 69 bilhões na semana passada para US$ 69,50 bilhões agora. Um mês antes esse número estava em US$ 70 bilhões.

Para esses analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) será insuficiente para cobrir esse resultado deficitário em 2015, já que a mediana das previsões para esse indicador está em US$ 59,20 bilhões, volume menor que ao que era esperado até a semana passada, de US$ 60 bilhões - mesmo valor de quatro semana atrás.

Para 2016, a perspectiva é de um volume de entradas de US$ 60 bilhões em IED, montante apontado pelo mercado há 20 semanas seguidas.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBoletim FocusCopomeconomia-brasileiraJurosMercado financeiroPreços

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Mais na Exame