De janeiro a abril, o mercado de previdência somou R$ 25,2 bilhões, alta de 25,58% em relação aos R$ 20,1 bilhões vistos no mesmo período do ano anterior (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2013 às 18h38.
São Paulo - Os planos de previdência privada aberta ignoraram a instabilidade no mercado doméstico e conseguiram avançar 22% em arrecadação no mês de abril, totalizando R$ 6,3 bilhões ante um ano atrás, conforme dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), obtidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Apesar de o ritmo de crescimento ter desacelerado em relação a março, quando o setor avançou quase 27%, o desempenho fez com que a carteira de investimentos do sistema alcançasse R$ 351,6 bilhões, alta de 21,71%, na mesma base de comparação.
"Dado o cenário que estamos, sob o ponto de vista Brasil, o resultado foi muito bom e está alinhado com o que esperamos para o período", disse Osvaldo do Nascimento, presidente da FenaPrevi e diretor superintendente da Itaú Vida e Previdência, em entrevista ao Broadcast.
Ele lembra, no entanto, que a tônica de 2013 é diferente da vista no ano passado. Pesam sobre o desempenho do País inflação elevada, Selic mais alta, ambiente mundial diferente e uma situação econômica mais volátil. Entretanto, o cenário deve estimular as pessoas a alongar os prazos dos investimentos, na opinião de Nascimento, já que grande parte das aplicações de curto prazo, tais como fundos de renda fixa e DI, não está repondo a inflação.
De acordo com o executivo, a volatilidade do mercado tem feito com que alguns fundos de previdência tenham cotas até negativas. Isso porque a maior parte dessas carteiras é posicionada em NTN-B, que rende inflação mais juros, cuja taxa subiu em meio à abertura da curva de juros.
O assunto volatilidade tem sido, inclusive, o tema central de debates da FenaPrevi, Superintendência de Seguros Privados (Susep), Ministério da Fazenda e da Secretaria de Política Econômica. Os órgãos discutem a possibilidade de os fundos de previdência utilizarem mecanismos de proteção para este tipo de risco.
"O mercado pleiteia que, em períodos de estresse, as carteiras possam contar com instrumentos de proteção, como derivativos que permitem suavizar a volatilidade", declarou Nascimento. Hoje toda vez que um fundo de previdência se utiliza do artifício, a duração da carteira é reduzida e a carteira é desenquadrada do prazo previsto na regra.
Prêmio de juros
O presidente da FenaPrevi mencionou que os beneficiários que entrarem agora em um plano de previdência numa perspectiva de seis a 20 anos têm prêmio acima da inflação atrativo, de duas a três vezes superior ao do curto prazo. Para os próximos meses, Nascimento acredita que as pessoas devam ser mais estimuladas a ingressar num plano de previdência, principalmente atrelados à inflação, justamente por conta do prêmio de juros que existe nos papéis de longo prazo.
Em abril, o plano VGBL, modalidade indicada para quem declara o Imposto de Renda no formato simplificado, apresentou o melhor desempenho com aumento de 27,38%, para R$ 222,5 bilhões frente há um ano. O PGBL, destinado aos participantes que declaram IR pelo formulário completo, cresceu 9,76%, para R$ 75 bilhões. A carteira dos planos tradicionais passou de R$ 45,2 bilhões para R$ 53,6 bilhões, alta de 18,40% em abril.
Quando analisado o produto, os planos individuais foram destaque em abril, com arrecadação de R$ 5,6 bilhões, volume 26,61% superior ao mesmo mês do ano passado. A previdência para menores totalizou aportes de R$ 142,9 milhões e os planos empresariais somaram R$ 567,8 milhões em novos depósitos.
As provisões (recursos acumulados pelos titulares dos planos de previdência complementar aberta) alcançaram saldo de R$ 339,3 bilhões, elevação de 20,66% em abril ante igual intervalo de 2012. A liderança do setor no período ficou com a Bradesco Vida e Previdência, com participação de 32,99% do total das reservas. Em seguida, vieram Itaú e BrasilPrev, com 24,39% e 20,98%, respectivamente.
De janeiro a abril, o mercado de previdência somou R$ 25,2 bilhões, alta de 25,58% em relação aos R$ 20,1 bilhões vistos no mesmo período do ano anterior. O setor conta com cerca de 13,7 milhões de contratos ativos e cerca de 96 mil pessoas usufruindo os benefícios oferecidos pelos planos. Dentre eles, estão aposentadoria, pecúlio, pensão, renda por invalidez e renda a menores.